Ribeirão é a 2ª cidade de SP que mais importa sêmen para fertilização

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 18 de janeiro de 2019 às 19:21
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:19
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Levantamento da Anvisa aponta que número de importações de sêmen subiu 100% em 2017

Um levantamento divulgado pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontou que a procura por
sêmen de bancos internacionais para a fertilização in vitro cresceu muito no
Brasil. Em 2017, o número de importações subiu 100% em comparação ao ano
anterior.

De acordo com a Agência, é preciso ter uma autorização
para este tipo de importação. Em 2016, foram concedidas 436 autorizações de
importação. No ano seguinte, esse número saltou para 860.

Metade dessas autorizações foram para o Estado de São
Paulo. Entre as cidades paulistas com mais pedidos, Ribeirão Preto (SP) está em
segundo lugar, perdendo apenas para a capital.

O médico Anderson Sanches de
Melo é especialista em reprodução humana e afirma que tem percebido o aumento
da demanda na clínica de fertilização artificial onde trabalha. “Está ocorrendo o aumento da procura, porque até o
começo dos anos 2010, na maioria das vezes casais heterossexuais recorriam aos
bancos de sémen para engravidar. Com as mudanças sociais, a produção
independente feminina e casais homo afetivos femininos ocupam uma fatia
importante dessa procura”, explica.

O relatório da Anvisa aponta ainda quais são as preferências
dos brasileiros. Das amostras importadas para o Brasil em 2017, 91% eram
doadores de pele branca, 45% tinham olhos claros e 67% com cabelos castanhos.

No Brasil, o banco de sêmen é
formado pelo material genético de doadores anônimos, que não podem se
identificar. Em respeito às regras do Conselho Federal de Medicina, são
fornecidas apenas informações como profissão e algumas características físicas
do doador.

As regulamentações são diferentes em outros países e as
mães podem escolher os detalhes da amostra que vão importar. No banco de sêmen
americano, por exemplo, é possível ouvir a voz do doador, ver fotos, vídeos e
até mesmo conhecer as preferências dele, como hobbies e o esporte favorito.

Segundo o especialista, essas
informações garantem ao paciente mais segurança e por isso o aumento da procura
pelo banco internacional. “Com todas essas informações, o casal ou a pessoa que
precisa recorrer ao banco de sêmen para engravidar sente muito mais segura de
ter um filho com as características físicas que ela realmente pede”, diz.

Melo ainda explica que outra diferença entre é que no
banco nacional o doador é voluntário. No banco americano, o homem recebe um
pagamento em dinheiro, o que acaba incentivando a doação e o banco fica mais
variado e, portanto, mais fácil para a mulher encontrar pessoas com
características físicas parecidas.

Para o especialista com mais de 30 anos de experiência
em reprodução humana assistida e diretor de um centro de reprodução, Franco
Júnior afirma que a qualidade genética do sémen brasileiro e do internacional é
a mesma.

“O
sêmen de origem internacional comparado com o sémen colhido no Brasil e
submetido a todas as normas da Anvisa não tem diferença do ponto de vista
genético. O nível de segurança é o mesmo. A procura por sêmen no exterior é
simplesmente porque há a identificação do doador, dos detalhes e no Brasil isso
é proibido”, explica.

A gravidez da terapeuta e
psicopedagoga Denise Dias foi bem planejada. Ela optou pela produção
independente através do banco nacional de doadores. Saúde é o que não falta
para o filho dela, Rafael, que está com um ano de idade. “Eu sempre quis ser mãe e por falta de um companheiro
bacana durante a vida, busquei o banco de sémen. A mulher que busca por
produção independente, geralmente tenta escolher características físicas que
são semelhantes as nossas, mas é importante que o banco nacional amplie algumas
informações”, conta.


+ Cidades