O que é melhor e mais eficaz: Quarentena total ou quarentena em fases? Descubra

  • Dayse Cruz
  • Publicado em 25 de janeiro de 2021 às 09:00
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A importância da quarentena estrita – ou bloqueio total – tem sido amplamente debatida durante a epidemia de covid-19

Enquanto nº de novos casos de Covid disparam no Brasil, protestos contra restrições seguem por todo o país

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A importância da quarentena estrita – ou bloqueio total – tem sido amplamente debatida durante a epidemia de covid-19.

Um dos principais aspectos do debate é saber se a melhor estratégia é ter um bloqueio em duas fases – um bloqueio estrito seguido por um relaxamento das restrições – ou uma política de quarentena única e mais suave – o modelo sueco.

A resposta difícil é: Depende.

Depende da característica de cada população, mais especificamente, de como as pessoas de um determinado local se relacionam.

As pesquisas mais recentes sobre esta questão, mostram que a segunda onda de uma epidemia é muito diferente se uma população tiver uma distribuição homogênea de contatos, em comparação com o cenário de subpopulações com diversos números de contatos.

Os pesquisadores usaram uma simulação para modelar o progresso de uma epidemia em uma rede onde a conectividade de cada indivíduo muda ao longo do tempo, modelando os efeitos das decisões políticas feitas em relação a vários graus de quarentena.

Como interromper a quarentena

Segundo os autores, se uma população tem uma distribuição homogênea do número de contatos, “o número total de infectados ao final da epidemia é o mesmo que se nenhum bloqueio tivesse sido decretado (saturação do sistema de saúde à parte)”.

Ao passo que, no caso de frequências diversas de contatos, o número total de indivíduos infectados pode ser significativamente menor.

O motivo para esse efeito é simples: depois que os indivíduos com grande número de contatos pegam a doença e adquirem imunidade, eles não mais ajudam na propagação da epidemia, que desacelera.

Portanto, o momento ideal para permitir que as pessoas que têm poucos contatos aumentem as conexões (suspendendo o bloqueio) seria depois que as pessoas com grande número de contatos se tornassem imunes.

Isso irá minimizar o número líquido de indivíduos infectados ao longo da epidemia.

A simulação em computador sugere ainda um procedimento baseado em graus que seria ideal para suspender a quarentena: “Libere primeiro as pessoas com muitos contatos sociais”.

Medidas práticas

Na prática, quando o estado suspende a quarentena estrita (ou passa de uma fase da quarentena para a próxima fase), sempre há uma escolha.

Pode-se abrir lojas menores (onde os caixas são nós de alto risco) ou pode-se permitir reuniões (que normalmente consistem em nós de baixo risco).

O modelo sugere que as lojas precisam ser abertas primeiro: “Desta forma podemos salvar muitos indivíduos (principalmente nódulos de baixo grau) de serem infectados”.

Os autores continuam: “Isso tem duas consequências importantes: primeiro, enfatiza a relevância da adoção de medidas de bloqueio para interromper o primeiro surto de uma epidemia e, segundo, mostra que a segunda e as ondas seguintes podem ser mais brandas do que o esperado.”

Contudo, a diferença entre as teorias dos cientistas e a realidade pode ser bastante grande.

Por exemplo, nenhum modelo divulgado até agora levou em conta o fato de que algumas pessoas podem não se tornar realmente imunes à covid-19, pegando a doença mais de uma vez, ou que a imunidade adquirida seja de pequena duração.

*Com informações Diário da Saúde


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