Jovens querem ter seu próprio negócio, nem que seja com dinheiro de empréstimo

  • Robson Leite
  • Publicado em 3 de dezembro de 2021 às 18:30
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A pesquisa mostrou que cerca de 44% dos jovens buscam informações sobre como lidar com o dinheiro em perfis das redes sociais

Pesquisas sobre empreendedorismo apontam um interesse crescente de jovens por ter o seu próprio negócio

Os jovens brasileiros estão preocupados com as finanças desde cedo. Pesquisa Datafolha encomendada pelo C6 Bank mostra que 50% dos meninos e meninas de 12 a 17 anos usariam o dinheiro de um empréstimo para empreender.

Outros 42% se endividariam para pagar um curso no exterior. Menos de 15% aceitariam fazer uma dívida para comprar computadores ou celulares, para se dar um presente ou fazer um tratamento estético.

“Aos serem perguntados sobre o que os levaria a entrar numa dívida hoje para pagar no futuro, a maioria dos jovens demonstrou ter uma consciência maior em relação ao uso do dinheiro e isso é muito positivo”, diz Liao Yu Chieh, head de educação financeira do C6 Bank.

“Esse tipo de dívida, nessa fase da vida, e bem planejada, pode render bons frutos no futuro. É diferente de tomar um empréstimo para fazer um gasto de consumo, comprando um carro ou um celular por exemplo.”

Motivos para endividamento

Segundo a notícia publicada pelo portal 6 Minutos, entre jovens das classes A e B, estudar fora lidera a lista de situações em que se endividar valeria a pena neste momento. Já entre os adolescentes das classes C, D e E, montar ou investir no próprio negócio seria a principal razão para assumirem uma dívida.

Os dados vão na mesma direção de outras pesquisas sobre empreendedorismo que apontam um interesse crescente de jovens por ter o seu próprio negócio.

A compra por impulso não aparece como um hábito financeiro comum entre os jovens brasileiros, segundo o levantamento do C6 Bank/Datafolha. Entre os entrevistados de todas as classes sociais, 83% afirmam que antes de comprar um item se perguntam se realmente precisam dele – lição importante para quem busca uma vida financeira saudável.

Reserva para imprevistos

Questionados sobre o que os faria guardar dinheiro, um terço dos jovens respondeu que manteria uma reserva para usar em caso de imprevisto e 24% para investir e ter um rendimento mensal daqui a algum tempo.

Outros 20% guardariam recursos para comprar algo que queiram muito daqui a alguns meses e 16% já pensam na aposentadoria. Entre as meninas, 37% guardariam dinheiro para imprevistos e, entre meninos, 26%.  No geral, 69% afirmaram que guardam dinheiro atualmente.

O Datafolha ouviu 942 adolescentes e jovens de 12 a 17 anos, de todas as classes sociais e regiões do país, entre 18 e 25 de outubro. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.

Pouca informação

Como era de se esperar, os jovens são otimistas: 89% acreditam que terão uma vida financeira melhor que a de seus pais daqui a 20 anos. Os planos para o futuro, no entanto, podem esbarrar na preocupante falta de informação.

A pesquisa mostrou que 75% não têm nenhum conhecimento sobre previdência privada, 73% dizem não saber nada sobre cheque especial e 68% não têm informação nenhuma sobre a bolsa de valores.

Só no caso dos juros do rotativo do cartão de crédito esse percentual é mais baixo, de 44%. “A própria pesquisa nos mostra que o cartão de crédito é um produto mais presente no dia a dia dos jovens brasileiros: mais da metade toma emprestado os cartões dos pais, com a senha inclusive, quando precisa fazer alguma compra”, lembra Liao Yu Chieh.

Saber pela internet

Além de terem pouco conhecimento sobre temas relevantes em finanças, a pesquisa mostrou que cerca de 44% buscam informações sobre como lidar com o dinheiro em perfis das redes sociais, como Instagram, TikTok, Twitter e Facebook. Apenas 6% afirmam buscar conteúdo em sites especializados ou de notícias.

Além disso, 64% concordam que dá para ganhar muito dinheiro em pouco tempo fazendo investimentos por conta própria com base em dicas da internet.

“Esse é um dado extremamente preocupante, porque são raríssimas as pessoas que ganham muito dinheiro em pouco tempo. A grande maioria perde e pode perder muito. Os que aparecem nas redes sociais e dão essa falsa impressão são na verdade sobreviventes”, afirma Liao.

Poucos produtos financeiros

A pesquisa C6 Bank/Datafolha apontou que 29% dos adolescentes e jovens brasileiros têm algum produto financeiro em seu nome, especialmente nas classes A e B, em que o percentual é de 48%. O mais comum é ter conta com cartão de débito (20%) e poupança (14%).

Em outubro, o C6 Bank lançou uma modalidade de conta gratuita para crianças e jovens, a conta Yellow, em que é possível receber mesada, enviar e receber Pix e fazer operações com cartão de débito – um incentivo à educação financeira, que deve começar em casa e desde muito cedo.


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