Juros do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito voltam a subir

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 27 de março de 2019 às 17:19
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:28
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No caso do consumidor que paga o valor mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 274,8% ao ano

Os clientes de
instituições financeiras que caíram no rotativo do cartão de crédito ou usaram
cheque especial pagaram juros mais caros em fevereiro, de acordo com dados do
Banco Central (BC), divulgados nesta quarta-feira, 27 de março.

A taxa de juros do cheque especial subiu 2,3 pontos percentuais,
em relação a janeiro, ao chegar em 317,9% ao ano no mês passado.

As regras do cheque especial mudaram no ano passado. Os clientes
que usam mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos passaram
a receber a oferta de um parcelamento, com taxa de juros menores que a do
cheque especial definida pela instituição financeira.

Rotativo do cartão

A taxa média do rotativo do cartão de crédito subiu 8,6 pontos
percentuais em relação a janeiro, chegando a 295,5% ao ano em fevereiro. A taxa
média é formada com base nos dados de consumidores adimplentes e inadimplentes.

No caso do
consumidor adimplente, que paga pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão
em dia, a taxa chegou a 274,8% ao ano, com aumento de 11,7 pontos percentuais.

A taxa cobrada dos consumidores que não pagaram ou atrasaram o
pagamento mínimo da fatura (rotativo não regular) subiu 8 pontos percentuais
para 310,9% ao ano.

O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos
que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após
esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.

Em abril de 2018, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu
que clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito passem a pagar a
mesma taxa de juros dos consumidores regulares. Essa regra entrou em vigor em
junho deste ano. Mesmo assim, a taxa final cobrada de adimplentes e
inadimplentes não será igual porque os bancos acrescentam à cobrança os juros
pelo atraso e multa.

Modalidades caras

As taxas do cheque especial e do rotativo do cartão são as mais
caras entre as modalidades oferecidas pelos bancos. A do crédito pessoal, por
exemplo, ficou em 122,5% ao ano em fevereiro, mas subiu 6,2 pontos percentuais
em relação a janeiro. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de
pagamento) permaneceu em 24,2% ao ano.

Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando
Rocha, alguns bancos estão elevando as taxas do cheque especial e do rotativo
do cartão. Já a alta do crédito pessoal é explicada por maior liberação de
crédito por bancos que cobram taxas mais altas do que por aqueles com juros
menores. “As concessões que foram realizadas por instituições que têm taxas
mais baixas foram menores. E aí preponderam as instituições com taxas maiores”,
disse.

Rocha acrescentou que o saldo do crédito rotativo, tanto do
cartão como o cheque especial, não tem crescido. “É um crédito que a gente não
deseja ver crescer. É um crédito que deve ser evitado devido aos juros
altos”, ressaltou.

A taxa média de juros para as famílias subiu 1,9 ponto
percentual para 52,2% ao ano. A taxa média das empresas caiu 0,7 ponto
percentual, atingindo 19,7% ao ano.

A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90
dias, caiu 0,1 ponto percentual tanto para empresas quanto para pessoas físicas
e ficou, respectivamente, em 2,8% e 4,7%. Os dados são do crédito livre em que
os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado.

No caso do crédito direcionado, que são empréstimos com regras
definidas pelo governo, destinados basicamente aos setores habitacional, rural
e de infraestrutura, os juros para as pessoas físicas caíram 0,5 ponto
percentual para 7,5% ao ano. A taxa cobrada das empresas caiu 0,1 ponto
percentual para 10% ao ano. A inadimplência ficou estável em 1,7% para as
pessoas físicas e caiu 0,1 ponto percentual para as empresas, chegando a 1,8%.

O saldo das operações de crédito totalizou R$ 3,241 trilhões, em
fevereiro, com aumento de 0,3% no mês e queda de 0,5%, no ano. Em relação a
tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB), o estoque de crédito
caiu 0,1 ponto percentual de janeiro para fevereiro, quando ficou em 47%.


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