Filas viram o quarteirão: Chefe do Benefício do Brás quer ser mais barato que Shopee

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 25 de fevereiro de 2024 às 20:00
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Alex, famoso pelas lives no Kwai, fundou a loja “Busca Busca” e aspira revolucionar o varejo brasileiro; veja se preços valem a pena

Conhecida como “Shopee do Brás”, a loja “Busca Busca”, aberta há 2 meses, recebe até 5 mil pessoas por dia em filas que chegam a 4 horas de espera. O público procura produtos mais baratos que aqueles encontrados em uma das plataformas de vendas mais populares no Brasil.

A proporção choca o dono Alex Ye, autointitulado como “Chefe do Benefício”, que aspira revolucionar o varejo brasileiro através do live commerce, com o plano de criar um site similar ao Alibaba, somente com os importadores, a “fonte das fontes”, como ele diz, que beneficiem os clientes.

O fenômeno começou no Kwai, onde ganhou o nome divulgando diversos produtos que hoje fazem parte das prateleiras da loja, desde eletrônicos a utensílios de casa.

Atualmente, Alex tem mais de 300 funcionários espalhados em mais 5 lojas, mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais e uma legião de fãs que param os corredores para tirarem fotos com ele.

Alex Ye passa pelo público com um guarda-costas, devido a questões de segurança pelo fluxo de pessoas que se aproximam, seja para falar com ele, realizar uma sugestão/crítica ou pedir um vídeo, explica a sua assistente pessoal, Julia Crispim.

Um pouco de Shopee, um pouco de Brás, qual vale a pena?

As filas que ocupam muitas vezes todo o quarteirão do bairro conhecido pelo seu comércio também se forma dentro do “Busca Busca” na hora do pagamento.

Dentre as pessoas que esperam para passar no caixa seus “achadinhos baratos” se encontram não só aqueles que pretendem fazer um consumo pessoal, mas também diversos revendedores.

É o caso de Larissa Vieira Duarte, 24, que carregava mais de 10 garrafas de 2L coloridas em duas cestas e esperava na fila que já se encontrava no segundo andar da loja, a mais de três lances de escada.

Ela disse valer a pena comprar essa quantidade para sua loja, a “Casa das utilidades”, devido ao preço e à qualidade, “nunca deu problema”.

Produtos populares

No empreendimento do Chefe do Benefício, o trio de garrafas com tamanhos diferentes custa R$ 15. Na Shopee, o mesmo kit pode ser encontrado por R$ 25,99, sem considerar o frete.

Outros produtos populares também estão disponíveis com algumas diferenças de preço que podem chamar a atenção, como secador de cabelo R$ 8 mais barato, máquina de barbear por R$ 10, enquanto na Shopee é R$ 18,99, e massageador elétrico que de R$ 46,99 no e-commerce, sai por R$ 45 na loja.

Mesmo que muitas vezes o produto tenha um custo de pouco mais de R$ 1, Alex ressalta que “a pessoa tem que ver para confiar”. Além do preço, outro benefício da loja física é a disponibilidade imediata do produto, tirando o frete e o tempo de espera.

Mas, diversos produtos não podem ser testados ou tirados da caixa. No expositor é disponibilizado um modelo para teste e, após a compra, é possível devolvê-lo em caso de avarias.

“Minha estratégia não é lucrar”

CNN Brasil perguntou sobre a margem de lucro ao chefe, mas ele informou que os valores não são divulgados. Ele diz que “minha estratégia não é lucrar (…) se você só pensa em você, nunca acontecerá nada. Vai acontecer sempre se pensar em primeiro lugar no público, no povo, na galera. É como beneficiar eles. Como deixa importador beneficiado”.

Seu objetivo é, daqui a alguns anos, montar um site similar ao Ali Express “sem investir um centavo”.

Ele explica que a loja servirá como um showroom para que os consumidores conheçam, e após fortalecer a marca, ele oferecerá uma plataforma confiável para os importadores venderem e seus clientes comprarem na fonte, escolhida por ele a dedo.

Estratégia

As entregas seriam feitas por transportadores, assim como eles fazem hoje com suas vendas online. Alex disponibiliza produtos por atacado via Whatsapp, recebendo diariamente de 1.000 a 3.000 clientes por dia.

Ele diz que vai “mudar a estratégia do comércio no Brasil”, explicando que quando existirem outras “Busca Busca” espalhadas pelo Brasil, a pressão da concorrência fará os outros comércios abaixarem o preço.

Antes, o Chefe do Benefício realizava no Kwai lives para comercializar seus produtos, época em que se autointitulou como “Chefe do Benefício”, pois “se não consegue trazer o benefício para nossos seguidores, então essa conta não tem sentido”, explicou.