Covid: o que levou o Brasil a ter tantos casos e a registrar mil mortes por dia?

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 6 de fevereiro de 2022 às 10:00
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Segundo os especialistas, são pessoas não vacinadas, ou com ciclo incompleto, que estão lotando os hospitais nessa nova onda

O Brasil voltou a registrar um dia com mais de 1.000 mortes pela covid-19. A rápida ascensão na curva de óbitos causada pelas infecções com a variante ômicron expõe uma série de erros em sequência que o país cometeu no controle da pandemia. Em janeiro, a média diária de mortes pela doença saltou 566%.

Especialistas afirmam que, novamente, o Brasil deixou de cumprir o papel preventivo (mesmo sabendo antecipadamente da ômicron) e lida agora as consequências. Com hospitais cheios em vários estados, a tendência é que o número ainda suba mais pelo menos por alguns dias.

Em declaração para o portal UOL Notícias, a bióloga e divulgadora científica Natália Pasternak diz que um erro marcante nessa terceira onda foi o menosprezo à capacidade letal da nova variante. “Erramos ao subestimar a ômicron e liberar as medidas preventivas muito rápido. Com uma cepa tão contagiosa, o momento era de cautela”, diz.

Otimismo precoce

Segundo Pasternak, o discurso exageradamente otimista de que a ômicron era mais branda acabou gerando uma sensação de segurança para as pessoas; e mesmo ela sendo menos capaz de causar doença grave, dado o número de pessoas que ela infecta, era esperado que o impacto total fosse grave.

Para o pesquisador Miguel Nicolelis, o Brasil confiou exageradamente também na vacinação, sem levar em conta que as coberturas atingidas seriam incapazes de deter uma nova tragédia.

Segunda dose

“Acreditamos que era só vacinar, mesmo não tendo vacinado gente suficiente com a segunda dose. As pessoas acharam que estavam liberadas. Não houve uma comunicação nacional, nem estratégia para alertar dos riscos reais, dizer que a ômicron escapa às duas doses”, relata.

O doutor em microbiologia e divulgador científico Átila Iamarino ressalta que o Brasil fez “muita coisa errada” que ajudou a ômicron a ter um número alto de mortes.

Uma das questões principais que ele cita é a campanha de desinformação para pôr dúvidas sobre a segurança e a eficácia das vacinas —o que levou muita gente a recusar a imunização e lotar hospitais com covid-19 agravada.


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