Tratamento varia conforme a causa, indo desde medicamentos tópicos, como minoxidil, até procedimentos cirúrgicos, como transplante capilar

A calvície não escolhe idade, nem gênero. Homens e mulheres se deparam com essa realidade em diferentes momentos da vida, enfrentando um fenômeno que vai muito além da genética. Por trás da perda capilar existe um processo complexo que pode envolver também hormônios, nutrição e estresse do dia a dia.
Os primeiros sinais costumam passar despercebidos. Alguns fios a mais no ralo do chuveiro, um afinamento quase imperceptível nas têmporas, a sensação de que o cabelo não é mais o mesmo. Embora seja normal perder entre 50 e 100 fios de cabelo diariamente, quando a queda ultrapassa essa quantidade pode sinalizar problemas subjacentes, conforme o Ministério da Saúde.
A identificação precoce dos sinais de calvície é apontada como fundamental para definir as estratégias de tratamento. Uma avaliação nutricional permite identificar se há alguma deficiência de nutrientes que podem acarretar queda de cabelo.
Entre os benefícios do teste genético está o mapeamento de genes que indicam a predisposição à calvície. Além disso, o acompanhamento com médico dermatologista possibilita monitorar a saúde dos fios.
Fatores genéticos lideram as causas de calvície
A alopecia androgenética representa a principal causa de perda de cabelo no mundo, conforme informações das autoridades de saúde.
A condição hereditária resulta da sensibilidade genética aos hormônios andrógenos, particularmente a di-hidrotestosterona (DHT), que enfraquece progressivamente os folículos capilares, como informa a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Contrariando o mito popular, a herança genética da calvície não vem exclusivamente da linhagem materna. Pesquisas científicas demonstram que genes de ambos os pais podem influenciar a probabilidade de desenvolver calvície, tornando necessário examinar o histórico familiar para compreender a predisposição.
No caso da calvície feminina, descobertas recentes na área genética revelaram uma interação específica que aumenta o risco de alopecia fibrosante frontal (FFA). Cientistas da Universidade King’s College London identificaram diferenças genéticas que interagem com uma enzima chamada ERAP1, fenômeno conhecido como “epistasia”, no qual o risco associado a um gene é modificado por outro.
Deficiências nutricionais comprometem a saúde capilar
O que é colocado no prato tem reflexo direto no couro cabeludo. Deficiências específicas de vitaminas podem resultar em queda capilar acentuada, exigindo atenção médica especializada para o diagnóstico adequado.
A vitamina B12 merece atenção especial: a deficiência costuma se manifestar, inicialmente, por meio da perda de cabelo. O Ministério da Saúde explica que a vitamina participa ativamente da formação de células sanguíneas saudáveis, responsáveis por levar oxigênio e nutrientes aos folículos capilares.
Quando esse sistema falha, os fios enfraquecem e caem. A situação pode ser revertida com as estratégias de um nutricionista sobre como repor a vitamina B12.
Outras vitaminas também exercem influência direta na saúde capilar. A vitamina D atua na criação de novos folículos e estimula o crescimento de fios, enquanto a biotina (vitamina B7) participa da produção de queratina, proteína que compõe o cabelo.
Já a vitamina E oferece proteção antioxidante e melhora a circulação no couro cabeludo, informa o Ministério da Saúde.
Estresse e alterações hormonais aceleram a queda
O corpo de cada um reage ao estresse de formas diferentes. Acidentes traumáticos, diagnósticos de doenças graves ou períodos de tensão emocional intensa podem desencadear o “eflúvio telógeno”, condição em que o ciclo natural de crescimento capilar é bruscamente interrompido. Mais fios do que o normal entram na fase de queda, criando uma perda temporária, mas visível.
Mulheres grávidas costumam experimentar uma queda capilar que pode durar meses. As alterações hormonais continuam acontecendo mesmo após o nascimento do bebê, e o estresse do parto adiciona uma camada extra de complexidade. Mudanças em métodos anticoncepcionais também podem provocar episódios temporários de perda capilar, segundo o Ministério da Saúde.
Doenças e medicamentos que afetam os fios
Há condições médicas que estão associadas à queda de cabelo. A anemia, caracterizada pela deficiência de ferro, compromete o transporte de oxigênio para os folículos, resultando em fios fracos e quebradiços. Problemas de tireoide, especialmente o hipotireoidismo, afetam a produção de hormônios essenciais para o metabolismo capilar, de acordo com as autoridades de saúde.
Doenças autoimunes, como alopecia areata e psoríase capilar, também podem provocar perda de cabelo localizada ou generalizada. Recentemente, a Covid-19 foi identificada como possível gatilho para eflúvio telógeno, com pacientes relatando queda capilar semanas após a infecção.
Determinados medicamentos apresentam efeitos colaterais relacionados à perda de cabelo. Antidepressivos, anticoagulantes e medicamentos para pressão alta podem contribuir para a calvície, no início do tratamento ou após uso prolongado.
Condições inflamatórias que afetam diretamente o couro cabeludo podem resultar em perda capilar temporária ou permanente: micoses, dermatite seborreica e foliculite são exemplos de problemas que, além da queda, podem causar coceira, descamação e formação de lesões na região, conforme a SBD.
Como diagnosticar calvície
Identificar a causa exata da calvície exige investigação médica. Dermatologistas com formação em tricologia – área voltada para cabelo e couro cabeludo – possuem ferramentas para mapear os fatores responsáveis pela perda capilar.
O tratamento varia conforme a causa identificada, indo desde medicamentos tópicos, como minoxidil, até procedimentos cirúrgicos, como transplante capilar. Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de reverter ou estabilizar o processo.