Não chores mais

  • Aromas em Palavras
  • Publicado em 5 de abril de 2017 às 23:17
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:11
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Na minha família cultivamos o hábito da culinária, como em toda família italiana. Como Mia Couto escreveu: cozinhar é um forma de amar os outros. Para mim é mais que isso, é criar hábitos, histórias, fortalecer laços, se divertir e relaxar a mente. E assim acontece praticamente todos os finais de semana, a gente se reúne e cozinha, canta e ri. Não temos um apego gigantesco pelas sobremesas, apesar de sempre ter alguma coisa, mas o prato principal é realmente o mais cobiçado, desejado e elaborado.

Devo admitir que por muitos anos eu fui a chata que comia pouquíssimas coisas, para quem me conhece nos dias de hoje pode ser até difícil de acreditar, mas fui. Acho que é por isso que eu realmente acredito que os chatos tem uma chance, na verdade é somente uma questão de hábitos e disposição para conhecer novos temperos e sabores. E uma das coisas que eu mais odiava era a cebola, era só dizer que tinha uma pitada no prato que meu organismo já se pré dispunha a passar mal, ou definitivamente não aceitar que nem se quer um pedacinho fosse parar na boca.

O mais interessante é que para aprender a comer, eu precisei aprender a cozinhar. Com os desvios da vida, eu assumi a cozinha 100% aqui de casa por um tempo, e passei de uma pessoa que queimava pizza congelada a alguém que ama passar qualquer hora vaga criando algo novo na cozinha. Mesmo se for somente para fazer um arroz e feijão melhorado, minha diversão é geladeira vazia que me dá poucas opções e faz com que minha mente crie os mais deliciosos pratos. E assim eu aprendi a amar a cebola e claro, seu companheiro alho. Mas ainda sofro com a hora de cortá-la. Já tentei das mais variadas técnicas, mas sempre choro, e muito! Daí passa minha mãe pela cozinha sempre dizendo: “Não sofre não minha filha!” Seguida de uma risadinha infame.

Sempre me perguntam o motivo pelo qual a cebola nos leva as lágrima, e a explicação é bem simples, aquele odor é composto por gases que ao entrar em contato com as lágrimas criam uma irritação e faz com que choremos. Existem algumas formas para ajudar que isso não aconteça como cortar a cebola com um ventilador ligado para que esses gases sejam deslocados para outro lugar, descascar a cebola em água corrente antes de lavá-la e até mesmo mantê-la na geladeira antes de partir.

Esse prazer da cozinha se tornou algo tão presente em minha vida, que até mesmo criei um produto que ajuda a eliminar o cheiro de cebola e alimentos que assim como ela, nos deixam com as mãos com aroma desagradável. Um sabonete liquido especial ideal para depois de cozinhar ou até mesmo depois de lavar louças. O próximo passo quem sabe é um aromatizador que bloqueie essas enzimas e não nos deixe chorar ao cortar essa deliciosas mais traiçoeiras cebolas.

*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.


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