Carnaval em Franca, por enquanto, será só para quem puder pagar para participar

  • Marcia Souza
  • Publicado em 5 de dezembro de 2021 às 12:00
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Enquanto isso, quem gosta de sertanejo se prepara para curtir shows da Expoagro, segundo anunciou Prefeitura

Enquanto isso, quem gosta de sertanejo se prepara para curtir shows da Expoagro, segundo anunciou Prefeitura

Dois pesos, duas medidas. É assim que os carnavalescos de Franca estão vendo a decisão do prefeito Alexandre Ferreira de não realizar o carnaval de rua no ano que vem na cidade.

A argumentação deles é que, sob a alegação de segurança sanitária, a Prefeitura não vai bancar e realizar os desfiles das escolas de samba.

Porém, os salões particulares, até o momento, não estão impedidos de realizarem bailes carnavalescos, que inevitavelmente vão gerar aglomerações e ter o controle de quem usa máscara ou álcool gel inviabilizado.

“Essa é a realidade. Carnaval em Franca, no ano que vem, será só para quem pagar. A população mais pobre que gosta dos desfiles não terá esse direito”, disse um diretor de escola, que pediu anonimato.

Sem decreto

Para impedir que clubes ou promotores realizem shows ou bailes de carnaval, seria necessário um decreto municipal estabelecendo isso, seja do governo do Estado, ou da Prefeitura.

Segundo fontes próximas a Alexandre, o prefeito vai ganhar mais tempo e verificar os números da pandemia, assim como o eventual surgimento da nova variante em Franca antes de tomar uma decisão.

O problema, no caso, é que os organizadores precisam de tempo para organizar as festas particulares, assim como investir recursos antecipadamente na contratação de artistas, estrutura e locação de espaços.

Se o prefeito quer esperar para evitar desgastes no momento, o tiro pode sair pela culatra, caso ele seja obrigado a cancelar tudo posteriormente. O Estado, até o momento, também não sinaliza com novas restrições.

Réveillon

Outra incongruência da administração municipal, semelhante a do Carnaval, é a decisão de não realizar festas públicas de réveillon.

Faz sentido a decisão do prefeito, para que se mantenha a pandemia sob controle em Franca. Mas, novamente, vem a dúvida: e os eventos particulares?

Assim como o Carnaval, para que não sejam realizados eventos festivos no réveillon, é necessário que haja proibição pelo poder público o que, até o momento, não foi sinalizado.

Fica a dúvida: será que a pandemia ataca somente em locais públicos, ou existe um fator político que tem levado a administração a adotar decisões diferentes para situações iguais?

Se o prefeito não se manifestar, ficará a impressão de que a pandemia pode ser somente um pano de fundo para não investir recursos em eventos públicos de lazer e entretenimento.

Sertanejo on

Por outro lado, há uma festa popular, organizada pelo poder público, que até o momento está confirmadíssima, que é a Expoagro.

E não será um evento técnico, voltado ao setor agropecuário, mas sim uma festa, com show sertanejos e cobrança de ingressos e com controle sanitário praticamente impossível.

Enquanto se coíbe, com toda a razão, aglomerações por conta do réveillon e carnaval, aposta-se na Expoagro do ano que vem como um evento de sucesso, que poderá reunir 40 mil pessoas em apresentações artísticas.

Para constar: eventos particulares, seja de virada de ano ou carnaval, geram arrecadação para a Prefeitura, assim como a Expoagro, que ter a parte artística terceirizada de forma onerosa.

Virada do ano e desfiles de escolas de samba geram despesas, pois são pagas pelos cofres públicos. Com previsão de receitas de R$ 1 bilhão para o próximo ano, oxalá não seja esse o critério restritivo adotado pelo município e sim o de priorização da saúde pública.


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