Cientistas veem “risco iminente” de varíola dos macacos chegar também ao Brasil

  • Teo Barbosa
  • Publicado em 21 de maio de 2022 às 18:00
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Sete cientistas vão montar um plano para estruturar a rede de saúde para quando os primeiros casos surgirem no Brasil

Cientistas brasileiros formaram uma comissão para acompanhar os casos de varíola dos macacos, que têm se espalhado pelo mundo nos últimos dias.

O avanço da doença deixou cientistas em alerta, já que é o maior número de casos visto fora da África —o que sugere uma cadeia de transmissão atípica. A notícia foi publicada pelo portal UOL.

A Câmara Técnica Temporária é coordenada pela RedeVírus do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações) e os sete cientistas vão montar um plano para estruturar a rede de saúde para quando os primeiros casos surgirem no Brasil.

“Temos condições de detectar esse vírus. Por enquanto, não temos motivo para pânico”, diz a virologista Giliane Trindade, que faz parte do grupo.

Poxvirus

“A gente está vendo o perfil de disseminação desse vírus por países da Europa, já chegou aos Estados Unidos, ao Canadá, em Israel. Então existe um risco iminente da entrada dele no Brasil”, afirma Trindade, que é professora e pesquisadora do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e especialista em poxvirus (tipo de vírus que, em vertebrados, causa erupções cutâneas).

Até a noite de ontem (20), segundo documento compartilhado pelos países, havia 143 de casos notificados, entre suspeitos e confirmados —a maioria deles em Portugal, Espanha e Reino Unido.

Entretanto, Israel, Austrália e Estados Unidos, fora do continente europeu, também já têm casos registrados. Também ontem, a Alemanha informou o primeiro caso da varíola dos macacos —um brasileiro.

O tipo de vírus A família Poxviridae (poxvírus) compreende vírus que infectam animais invertebrados e vertebrados. Neste grupo, o mais notório membro é o do vírus da varíola.

Zoonótico

“Dentro da família de vários gêneros, esses vírus se destacam pela sua capacidade de infectar o ser humano e outros animais, assumindo uma importância para a medicina humana e veterinária”, diz Andrade.

O vírus zoonótico (ou seja, pula do animal para o ser humano) circula há pelo menos 50 anos na África, onde é considerado endêmico.

A monkeypox é uma doença que ocorre principalmente em áreas de floresta tropical da África Central e Ocidental e ocasionalmente é exportada para outras regiões. Casos já foram diagnosticados em outros continentes, mas sempre importados.

Grupo menos virulento

Na quinta-feira (19), foi divulgada uma primeira análise filogenética do genoma do vírus, feita com amostra de um paciente infectado de Portugal.

O resultado aponta que “o vírus de 2022 pertence ao clado da África Ocidental e está mais intimamente relacionado com vírus associados à exportação do vírus da varíola dos macacos da Nigéria para vários países em 2018 e 2019”.

Segundo Trindade, a descoberta foi uma boa notícia. “Esse vírus que está na Europa pertence a esse clado [grupo de monkeypox] que é considerado menos virulento. São dois clados, e o mais virulento é o que está na bacia do Congo”, aponta.

Para ela, ainda é cedo para saber se houve alguma mutação do vírus que explique um comportamento diferente na transmissão para humanos.


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