Saiba o que significam as cores de cada mês no calendário das doenças

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 2 de outubro de 2018 às 22:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:03
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Mesmo chamando a atenção, as ações nem sempre se traduzem em mais saúde, dizem especialistas

Setembro é amarelo,
outubro é rosa, novembro é azul, dezembro é laranja, mas também vermelho.
Sociedades de médicos, pacientes e ONGs se acotovelam na disputa por um espaço
no calendário para promover os chamados meses de conscientização de algumas
doenças.

Mas nem tudo por trás das campanhas,
em sua maioria apoiadas por farmacêuticas, é cor-de-rosa. As ações nem sempre
se traduzem em mais saúde e, para especialistas, podem levar a consultas e
exames desnecessários.

O mais famoso dos meses coloridos, o
Outubro Rosa, foi criado há mais de 20 anos e envolvia a distribuição de laços
rosas como forma de alertar sobre o câncer de mama, o mais comum entre as
mulheres depois do câncer de pele.

O mesmo mês de outubro é também de
conscientização da artrite reumatoide.

Já a cor de setembro, o amarelo, faz
referência ao suicídio. Dados do Ministério da Saúde mostram que 11.433 pessoas
morreram por suicídio no país em 2016 (dado mais atual) – algo próximo de 31
casos por dia.

O próprio governo admite que o número
real pode ser ainda maior por causa da subnotificação nos registros. Em 2016, a
taxa de mortalidade por suicídio no Brasil foi 5,8 casos a cada 100 mil
habitantes. Para comparação, em 2007, esse índice era de 4,9 mortes a cada 100
mil habitantes -um aumento de 18%.

Segundo a ABP (Associação Brasileira
de Psiquiatria), a campanha surgiu para disseminar informações que podem
auxiliar a sociedade a desmistificar o tabu sobre o tema e auxiliar
profissionais da saúde a identificar os fatores de risco para tratar e instruir
melhor os pacientes.

No país, a campanha foi iniciada em
conjunto pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), que atua na prevenção ao
suicídio, Conselho Federal de Medicina e pela ABP no ano de 2014, em Brasília.
De lá para cá só ganhou força.

Para chamar mais atenção, vários
monumentos icônicos do país são iluminados com a cor amarela neste mês, como o
Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.

Em 2019, janeiro começará com o
verde, para a campanha de conscientização sobre o câncer de colo de útero; em
fevereiro, o laranja lembra a leucemia e o roxo, a fibromialgia, o alzheimer e
o lúpus. E assim por diante.

No mês de novembro, duas doenças ‘brigam’
pelo mês e pela cor azul: o câncer de próstata e o diabetes.

Historicamente, o Dia Internacional
do Diabetes -celebrado em 14 de novembro- é mais antigo, de 1991, e sua criação
contou com o respaldo da OMS (Organização Mundial da Saúde).

A ideia de alargar o período de
conscientização do diabetes de um dia para um mês inteiro nasceu em 2009, no
ABC paulista, relata Márcio Krakauer, da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Nascia aí um Novembro Azul.

Em 2004, surgiu então o Moustache
November (Movember), ou “novembro de bigode”, para levantar fundos
contra o câncer de próstata na Austrália.

Tentando repetir o sucesso do Outubro
Rosa e do Novembro Azul, outros meses coloridos surgiram, como o Setembro
Verde, que incentiva a doação de órgãos, o Dezembro Laranja, do câncer de pele,
e o Junho Vermelho, da doação de sangue.

Especialistas lembram que muitas
dessas campanhas incentivam a realização de exames. Check-ups e exames sem a
presença de sintomas ou sem evidências científicas de que funcionem para
rastrear doenças em certas faixas etárias são, inclusive, questionados por
várias entidades, como a U.S. Preventive Services Task Force, ligada ao governo
americano.

Isso porque podem indicar
falsos-positivos e gerar angústia e procedimentos desnecessários. “Há uma
superinformação, também com viés mercadológico, de que quanto mais exames,
melhor. Mas o certo é quanto melhor indicado os exames, melhor”, diz
Mônica Assis, sanitarista da divisão de detecção precoce do Inca (Instituto
Nacional de Câncer).


+ Saúde