Veja as razões porque o mercado espera uma inflação mais baixa durante 2022

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 14 de janeiro de 2022 às 10:00
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Quando se fala em “queda da inflação” é que haverá uma desaceleração do ritmo de alta dos preços, mas eles devem continuar subindo

A alta da inflação já vem ocupando a pauta econômica do dia há algum tempo, mas a divulgação da última aferição do IPCA foi a cereja do bolo.

O acumulado de janeiro a dezembro de 2021 foi de 10,06%, maior inflação do país desde 2015 e o terceiro pior resultado entre as 20 maiores economias do mundo. Nada menos que 88% dos preços acompanhados pelo IBGE tiveram elevação nominal em 2021.

Segundo o portal 6 Minutos, a boa notícia é que os economistas acreditam que 2022 será “menos pior” nesse sentido, com projeções de que a inflação cairá pele metade. Isso porque alguns dos fatores que ajudaram a criar a tempestade perfeita da alta de preços em 2021 serão revertidos ou, pelo menos, amenizados.

Desaceleração

Quando se fala em “queda da inflação”, o que se está dizendo é que haverá apenas uma desaceleração do ritmo de alta dos preços, mas eles devem continuar subindo. Mas será que pode haver uma efetiva redução de preços de mercadorias? A população sentirá essa queda da inflação no dia a dia?

“É apenas uma desaceleração, não estamos dizendo que será o fim da inflação. Fazendo uma conta simples com essas projeções, chegamos a uma inflação acumulada de 15% em 2 anos e quase 20% em 3 anos. É muita inflação para qualquer população, e ela vai sentir na pele, como aliás já está sentindo”, diz o professor de finanças da FGV-EAESP Fábio Gallo.

Por que a inflação disparou no ano passado?

A primeira causa foi um choque de oferta: a paralisação das economias com a pandemia gerou uma interrupção das cadeias de produção e distribuição, o que fez faltarem produtos em diversos lugares, e a escassez pressionou os preços.

No Brasil, a carne passou a ser ainda mais fortemente exportada para a China, o que, além de acentuar o desabastecimento interno, referenciou seu preço ao dólar.

Quando algumas economias começaram a retomar a economia, a demanda por petróleo subiu bruscamente e o preço do barril saltou de US$ 40 para US$ 70, alta que acabou chegando aos preços locais dos combustíveis e, a partir daí, se irradiou por toda a cadeia produtiva.

O que deve ser diferente em 2022?

“Porque alguns dos fatores que pesaram em 2021 estão arrefecidos”, responde Fábio Gallo, professor de finanças da FGV-EAESP.

“A situação fiscal deste início de ano está melhor que o esperado. Ainda não é confortável, estamos em ano de eleição e não sabemos o que um governo populista poderá fazer. Mas era esperado um déficit primário em 2021, com dívida bruta acima de 100% do PIB, e ocorreu um superávit primário.”


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