Vacina experimental encontra “ponto fraco” do HIV e neutraliza vírus

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de junho de 2018 às 13:17
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:47
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Teste foi feito em animais e estudo preliminar em humanos deve ter início no segundo semestre de 2019

Cientistas desenvolveram uma
vacina experimental para o HIV capaz de neutralizar dezenas de variedades do
vírus. A descoberta foi publicada nesta segunda-feira, 04 de junho, na
publicação científica “Nature Medicine” por pesquisadores do
Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), nos EUA.

Baseada na estrutura de um local vulnerável no HIV, a
vacina induziu a produção de anticorpos em camundongos, porquinhos-da-índia e
macacos, que neutralizaram dezenas de variedades de HIV de todo o mundo. “Os
cientistas usaram seu conhecimento detalhado da estrutura do HIV para encontrar
um local incomum de vulnerabilidade ao vírus e projetar uma vacina nova e
potencialmente poderosa”, disse Anthony S. Fauci, diretor do NIAID.

Um estudo preliminar em
humanos já está previsto para começar no segundo semestre de 2019.

O relatório divulgado trata de uma das duas abordagens
complementares que os cientistas estão trabalhando para desenvolver uma vacina
contra o HIV.

Os cientistas primeiro identificam anticorpos potentes
contra o HIV que podem neutralizar muitas variedades- cepas- do vírus, e então
tentam extrair esses anticorpos com uma vacina baseada na estrutura da proteína
de superfície do HIV onde os anticorpos se ligam.

Ou seja, os cientistas começam com a parte mais
promissora da resposta imune e trabalham para desenvolver uma vacina que induza
esta mesma resposta.

Nos últimos anos,
pesquisadores descobriram muitos anticorpos naturais que podem impedir que
múltiplas variedades de HIV infectem células humanas em laboratório. Cerca de
metade das pessoas que vivem com o HIV produzem os chamados anticorpos
“amplamente neutralizantes”, mas geralmente apenas após vários anos
de infecção – muito depois do vírus ter se estabelecido no corpo.

Os
cientistas identificaram os lugares, ou epítopos do HIV, onde cada anticorpo amplamente
neutralizante se liga.

vacina experimental descrita
no relatório desta segunda é baseada em um destes epítopos chamado peptídeo de
fusão do HIV, identificado por cientistas do NIAID em 2016. Uma pequena
seqüência de aminoácidos faz parte do pico na superfície do HIV que o vírus usa
para entrar nas células humanas.

De
acordo com os cientistas, este epítopo é particularmente promissor para uso
como vacina porque sua estrutura é a mesma na maioria das variedades do HIV, e
porque o sistema imunológico claramente o “vê” e produz uma forte
resposta imunológica a ele.

Os cientistas testaram a
vacina em camundongos para analisar a resposta do sistema imunólogico deles.
Posteriormente, usaram a mesma vacina em porquinhos-da-índia e macacos e
tiveram sucesso na resposta imunológica, aumentando as expectativas de que a
vacina pode funcionar em diferentes espécies.

Os cientistas agora estão trabalhando para melhorar a
vacina, incluindo torná-la mais potente e capaz de alcançar resultados mais
consistentes com menos injeções.

Outras vacinas em teste

Atualmente, outra vacina está sendo testada com 2,6 mil
mulheres do sul africano. O teste usa uma combinação de duas vacinas
desenvolvidas pela Johnson & Johnson com os Institutos Nacionais de Saúde
dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) e a Fundação Bill & Melinda
Gates. O estudo tem duração de três anos.

Além desta, uma vacina experimental foi testada em 393
voluntários em cinco países (Estados Unidos, Ruanda, Uganda, África do Sul e
Tailândia). O protótipo provocou uma resposta imune (produção de anticorpos) em
100% dos participantes.

Esta
vacina experimental, de “duplo gatilho”, consiste primeiro em
despertar o sistema imunológico com um vírus da gripe comum, antes de dopá-lo
com uma proteína encontrada no envelope do HIV, provocando uma reação mais
forte do corpo.


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