Vacina contra Covid-19 pode chegar ao Brasil ainda em outubro

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 30 de agosto de 2020 às 12:52
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 21:10
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Vacina chinesa Coronavac está sendo testada em São Paulo e tem grandes chances de chegar primeiro

Outubro. Esse é o prazo mais otimista para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19, chegando inclusive ao Brasil. Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, é também nesse mês que o país receberá cinco milhões de doses da vacina chinesa. 

A afirmação foi feita na sexta-feira (28). O planejamento é entregar 45 milhões de vacinas ao Ministério da Saúde até o fim do ano. Tudo isso depende, no entanto, da conclusão da fase de testes clínicos e de registro junto à Anvisa.

A farmacêutica americana Pfizer promete, também para outubro, a liberação do uso de sua vacina, produzida em parceria com o laboratório alemão BioNTech e a fábrica de remédios chinesa Fosun Pharma. 

A expectativa é tão grande que Donald Trump abordou o tema em sua campanha em busca da reeleição, na tentativa de angariar votos na corrida pela Casa Branca.

No entanto, cientistas acreditam que uma vacina capaz de gerar imunidade contra o novo coronavírus só será possível a partir do ano que vem. 

O processo de desenvolvimento seguro de imunizantes é complexo e cheio de etapas. Por isso, pode levar até dez anos para ser concluído.

“Estamos desenvolvendo vacinas uma velocidade nunca vista, nos valendo das vacinas que estavam sendo produzas contra a Sars e a Mers. Então, não saímos do zero. E, com isso, ganhamos um tempo enorme”, afirma Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Segundo ele, “consideramos também que os processos estão sendo acelerados, como registros, publicações e revisões de estudos. Mas existe o tempo da ciência, e não podemos jamais abrir mão dos critérios rigorosos que temos de licenciamento!, informa.

A vacina russa, por exemplo, já conseguiu registro em seu país. No entanto, ainda não cumpriu todas as etapas necessárias para comprovar sua eficiência. Por isso, é vista com desconfiança por cientistas de todo o mundo. 

Na visão de Kfouri, ela não será aprovada por nenhum órgão regulatório do mundo enquanto não concluir e publicar estudos de todos os seus testes clínicos.

‘Novo normal’
O desenvolvimento de uma vacina é a grande esperança para frear a transmissão do novo coronavírus, que até ontem já tinha matado 120 mil pessoas Brasil. 

Para Ana Helena Figueiredo, infectologista e imunologista do grupo Iron, por ainda não haver alternativas concretas de combate à doença, a vacina é atualmente a melhor aposta contra a pandemia.

“Embora a vacina possa ser potencialmente uma solução para esse problema, há outros que devem permanecer no nosso radar: existe o risco de mutação da Covid-19 e há, ainda, outras doenças infecciosas que se disseminam constantemente pelo mundo todos os dias”, orienta a médica.

“Por isso, é fundamental melhorar nossos hábitos para diminuirmos os riscos de novas infecções, seja pela Covid-19 ou por outras doenças”, considera.

Sob esse ponto de vista, seria necessário manter medidas de isolamento e distanciamento social, uso de máscaras e higiene constante das mãos sempre que se ficar doente.

” Nesse aspecto, a Covid-19 parece já ter contribuído para trazer ao conhecimento das pessoas quão relevantes são as práticas diárias de higiene”, avalia Ana Helena.

Com a chegada da vacina ao Brasil, diz ela, é importante que os grupos que forem indicados como prioritários para se imunizar tomem as doses indicadas. A vacinação garante não só a proteção individual, mas também a coletiva. 

Quanto mais pessoas se vacinarem, menos espaço o vírus terá para circular, o que confere proteção até para quem não puder se vacinar. Algumas vacinas não podem ser tomadas por pessoas que têm a imunidade comprometida.


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