Quais as chances de pegar coronavírus de embalagens de alimentos?

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 21 de agosto de 2020 às 17:30
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 21:08
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Traços de coronavírus foram encontrados em embalagens de frango na China, exportado pelo Brasil

Autoridades garantem que é muito difícil a contaminação por embalagens de alimentos

Traços de coronavírus foram encontrados recentemente em embalagens de um lote de frango na China, exportado pelo Brasil, o maior produtor mundial. Segundo a prefeitura da cidade chinesa de Shenzhen, o vírus foi detectado em um controle de rotina e o lote pertencia ao frigorífico Aurora, de Santa Catarina.

Em nota divulgada, o Ministério da Agricultura informou que pediu explicações à Administração Geral de Alfândega da China (GACC) e acrescentou que “segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há comprovação científica de transmissão do vírus da Covid-19 a partir de alimentos ou embalagens de alimentos congelados”.

O episódio levantou novamente questões sobre se o coronavírus pode ser transmitido por meio de embalagens de alimentos. Em teoria, pode ser possível ser infectado por Covid-19 a partir de embalagens.

Estudos conduzidos a partir de experimentos em laboratório mostraram que o vírus pode sobreviver por horas, senão dias, em alguns materiais de embalagem — principalmente papelão e várias formas de plástico.

Além disso, o vírus é mais estável em temperaturas mais baixas, que é a forma pela qual muitos alimentos são transportados. No entanto, alguns cientistas questionaram se esses resultados poderiam ser replicados fora do laboratório.

Julian Tang, professor associado de Ciências Respiratórias da Universidade de Leicester, no Reino Unido, diz que, no mundo exterior, as condições ambientais mudam rapidamente, o que significa que o vírus não pode sobreviver por tanto tempo.

Emanuel Goldman, professor de microbiologia da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, também apontou que os estudos de laboratório usaram amostras de até 10 milhões de partículas virais, enquanto o número de partículas virais em uma superfície atingida por um espirro é de menos de 100, por exemplo.

Em artigo publicado na revista científica “The Lancet” em julho, Goldman disse: “Na minha opinião, a chance de transmissão por meio de superfícies inanimadas é muito pequena e apenas nos casos em que uma pessoa infectada tosse ou espirra na superfície e outra pessoa toca essa superfície logo após a tosse e o espirro (dentro de uma a duas horas). “

O risco de transmissão é geralmente baseado na suposição de que trabalhadores contaminados de fábricas onde alimentos são embalados podem ter passado o vírus a superfícies de embalagens após tocarem olhos, nariz ou boca. Mas os cientistas acham essa rota de transmissão bastante improvável.

“Pode ser possível que uma pessoa contraia Covid-19 tocando em uma superfície ou objeto que contenha o vírus”, informou a agência de saúde dos Estados Unidos, os Centros de Controle de Doenças (CDC) em seu site. No entanto, o órgão acrescenta que “esta não é considerada a principal forma de propagação do vírus”.


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