O que seus pés podem dizer sobre sua saúde? Mais do que você pensa!

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 4 de maio de 2024 às 21:00
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Muitas vezes ignorados, os pés podem ser um importante meio para entender melhor como está o funcionamento do sistema circulatório, por exemplo

Os pés podem oferecer pistas importantes sobre o seu estado de saúde – foto Freepik

 

Da pele ao cabelo, passando por crostas e até lágrimas, a aparência externa do corpo pode oferecer pistas sobre o estado da sua saúde. Mas há outra parte da anatomia que muitas vezes é negligenciada: os pés.

Os pés estão conectados a tratos de fibras nervosas do cérebro para que você possa ficar em pé, equilibrar-se e mexer os dedos dos pés. Eles também são irrigados por vasos sanguíneos, que vêm diretamente do coração.

Assim, a aparência e função dos nossos pés podem indicar infecções virais, doenças do sistema cardiovascular e até distúrbios neurológicos. Aqui estão alguns exemplos.

Doença mão-pé-boca (HFMD, na sigla em inglês)

As doenças infecciosas tendem a afetar diferentes partes do corpo. O sarampo geralmente começa no rosto ou na boca, como pequenas manchas que parecem grãos de açúcar.

A pitiríase versicolor, um tipo de infecção fúngica, costuma começar e permanecer no tronco. As razões pelas quais tendem a afetar essas áreas não são bem compreendidas.

A doença mão-pé-boca começa exatamente nessas áreas. É causada por um vírus conhecido como coxsackie e tende a produzir manchas rosadas ou vermelhas elevadas, que podem formar bolhas e liberar líquido.

O nome é um pouco inadequado — a erupção também pode afetar as pernas e nádegas. Observar uma nova erupção nos pés deve levar um médico a considerar a doença mão-pé-boca.

Essa é uma doença comum na infância e muito contagiosa. Felizmente, também geralmente é de curta duração, desaparecendo sem tratamento após alguns dias. Não deve ser confundida com a doença aftosa, no entanto.

A doença aftosa é causada por um vírus diferente da doença mão-pé-boca e afeta principalmente animais de casco fendido, como vacas e ovelhas. Essa é a doença que resultou em uma epidemia no Reino Unido em 2001.

Coração, vasos e pés

Nosso sistema circulatório fornece sangue para todas as partes do corpo — desde o topo da cabeça até as pontas dos dedos dos pés.

Quando os vasos sanguíneos alcançam esses extremos, como galhos de uma árvore, eles se ramificam e se tornam muito menores em tamanho.

Em algum momento, todos já experimentamos o desconforto de pés extremamente frios, especialmente ao andar descalço pela casa ou durante dias mais frios.

É normal que os pés sintam-se frios ao toque, mas não devem mudar de cor da cor normal da pele para azul — nem devem ficar dolorosamente frios.

Sintomas graves de descoloração e dor podem indicar um fenômeno chamado síndrome do dedo azul. Isso pode ser desencadeado por pequenas massas chamadas microêmbolos, compostas por gotículas de colesterol.

Esses êmbolos passam facilmente por grandes vasos, mas têm dificuldade à medida que se tornam menores.

Ao atingir os vasos sanguíneos menores dos pés, eles finalmente ficam presos, interrompendo o suprimento sanguíneo. Os tecidos então ficam privados de oxigênio, fazendo com que os pés mudem de cor e fiquem doloridos.

Em casos graves, a síndrome do dedo azul pode levar à morte do tecido, à degradação e à formação de gangrena, que podem exigir amputação dos dedos — ou até mesmo do pé inteiro.

Essa condição rara às vezes é chamada de “pé de lixo”, devido à forma como os pés ficam tão descoloridos.

Qual é a causa subjacente desses pequenos fragmentos de colesterol? Provavelmente aneurismas e aterosclerose — vasos que se dilataram ou endureceram a montante dos pés.

Quando o pé de lixo ocorre, muitas vezes é após o tratamento cirúrgico dessas condições, como reparo de aneurisma aórtico. Os procedimentos perturbam o vaso, o que pode fazer com que os êmbolos se soltem.

Além do pé de lixo, existem outros sinais nos pés que podem indicar doenças cardiovasculares.

Inchaços vermelhos elevados aparecendo nos pés (bem como nas mãos) podem indicar uma infecção cardíaca chamada endocardite bacteriana.

Esses podem ser indolores — nesse caso, chamamos de lesões de Janeway — ou dolorosos, chamados de nódulos de Osler.

O sinal de Babinski

Os dedos dos pés também podem sinalizar problemas com o sistema nervoso.

Se você já assistiu a ER ou Grey’s Anatomy e ouviu um dos personagens gritar “plantares ascendentes!” durante um exame de paciente, sabe que estão se referindo ao reflexo de Babinski.

Após encontrar o plantar ascendente, o médico pode então franzir a testa preocupado — e com razão.

O sinal de Babinski é um teste simples que envolve acariciar a sola do pé com um instrumento de ponta romba para verificar a resposta dos dedos.

Este é o reflexo plantar — plantar relacionado à sola do pé. Normalmente, quando esse reflexo é desencadeado, os dedos devem se curvar para baixo em direção à sola.

Se o dedão do pé aponta para cima e os dedos menores se afastam, esta é uma resposta de “plantar ascendente” — também conhecida como sinal de Babinski, nomeada em homenagem ao neurologista Joseph Babinski, que a descreveu pela primeira vez.

É normal encontrar essa resposta em bebês, cujo sistema nervoso está em desenvolvimento e não é capaz de todas as funções motoras de um adulto.

No entanto, em adultos, encontrar o sinal de Babinski é uma história completamente diferente. Mais comumente, ele indica que um acidente vascular cerebral está interrompendo a circuitaria cerebral normal que controla os pés.

Outras causas incluem esclerose múltipla e (raramente) intoxicação por drogas. Em algumas pessoas saudáveis, no entanto, o sinal de Babinski pode ser observado durante o sono profundo.

O escopo é muito mais amplo do que apenas essas condições. Diabetes, insuficiência renal e até distúrbios da tireoide podem afetar os pés.

São indicadores importantes de nossa saúde, então verificações regulares são essenciais — e busque orientação médica se notar qualquer dor, descoloração ou erupções cutâneas.

*Informações Galileu


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