O que é o terror noturno na infância? Saiba como identificar no seu filho!

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 26 de março de 2021 às 11:30
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Os pais estão dormindo quando, no meio da noite, escutam gritos ou choros e se deparam com a criança assustada – isso nem sempre é pesadelo

Nem sempre o choro e o susto no meio da noite são sinais de pesadelo

 

Os pais estão dormindo quando, no meio da noite, escutam gritos ou choros e se deparam com a criança assustada em sua cama.

Apesar do choque, o pensamento mais óbvio é que o pequeno teve um pesadelo e o primeiro instinto pode ser acolhê-lo, com abraços e assegurando que nada daquilo é real. Mas nem sempre se trata apenas de um sonho ruim.

A verdade é que o acontecimento, que às vezes assusta os adultos, pode ser um episódio de terror noturno, manifestação comum na infância.

“Ele faz parte de uma classe de alterações do sono que chamamos de parassonias e costuma ocorrer a partir dos quatro anos”, explica a neurologista e médica do sono Rosana Cardoso Alves.

A especialista esclarece que se trata de um distúrbio do despertar, do mesmo grupo do sonambulismo e do chamado despertar confusional.

Terror noturno ou pesadelo?

Embora a reação do pequeno possa ser parecida nos dois casos, as manifestações têm características distintas.

“O pesadelo ocorre durante o sono REM, fase em que predominam os sonhos, e a pessoa consegue contar o conteúdo do que sonhou depois de acordar. Já no terror noturno, ela tem amnésia, então não lembra do que aconteceu”, esclarece Rosana.

Além disso, o terror noturno geralmente ocorre nas primeiras horas da noite e é caracterizado por um despertar súbito da criança, podendo durar poucos minutos ou até segundos.

“Em geral, ela grita ou chora e pode sentar na cama e demonstrar pavor”, conta.

O que pode causar o terror noturno

Como os outros transtornos do sono, o fator genético está presente. Assim, se os pais forem investigar a fundo, talvez se lembrem de algum familiar que já teve episódios na infância ou quando adultos.

Mas não só isso influencia – e é aí que entram os chamados “gatilhos ambientais”.

“Vários acontecimentos externos podem desencadear o terror noturno. Por exemplo, se a criança estiver com privação de sono, dormindo pouco ou acordando muito nos últimos dias”, comenta a neurologista.

Problemas respiratórios, infecções e sintomas como tosse, febre e dor também são capazes de influenciar no aparecimento do distúrbio.

Muitas vezes, aliás, ele tem relação com a própria evolução do sistema nervoso da criança, cessando com o tempo.

O fator pandemia

Somado a tudo isso, não podemos esquecer de um gatilho ambiental importante – que vem perturbando o sono não só das crianças, como também dos adultos: a pandemia do novo coronavírus.

“Na pandemia, as crianças estão mais ansiosas, ficando mais em casa e fazendo menos atividades físicas. Sem falar que acabam captando a própria ansiedade da família e estresse ao redor por conta do perigo da doença”, observa a médica do sono.

O que fazer quando o episódio acontece

Muitas vezes a criança volta a dormir rapidamente. Em outros, como orienta a psicóloga infantil Valeska Chester, vale a pena que os pais tenham a iniciativa de acolher o filho e, se necessário, fazer companhia até que ele adormeça novamente.

Porém, é importante tomar cuidado para não fortalecer comportamentos que, quando repetidos várias vezes, podem perdurar, como o de levar para a cama dos responsáveis – caso a transição para dormir sozinho já tenha sido feita.

“Marcar presença com a criança pode fazer diferença para acalmá-la. Por vezes, nesses instantes de inquietação, algumas palavras podem causar mais ansiedade”.

“Então cabe tomar cuidado e se dispor a escutar. Saber o que costuma tranquilizar o filho e eventualmente procurar entretê-lo com algo que o apazigue também são boas alternativas”, complementa Daniela.

Como prevenir

Da herança genética não há como fugir, mas o que os pais podem fazer é tentar proteger os pequenos dos gatilhos ambientais, como através de ações que a neurologista chama de “higiene do sono”.

“Isso se faz pela criação de uma rotina de sono regular, com um tempo adequado de descanso”, orienta Rosana.

Vale procurar um ambiente tranquilo, já que o ruído excessivo pode levar a criança a acordar mais durante a noite, além de evitar agitação horas antes do momento de ir para cama – inclusive deixando de lado as telinhas.


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