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Alta da energia elétrica e das commodities pressiona o IPCA e acende alerta para resposta mais dura da autoridade monetária
Mesmo sem a pressão da energia, resquícios do aumento dos alimentos e o câmbio podem impactar o índice inflacionário
O avanço da prévia do índice que mede a inflação oficial brasileira vai obrigar o Banco Central (BC) a assumir uma postura mais arrojada na elevação da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, para evitar que o cenário deste ano contamine ainda mais as perspectivas para 2022.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) foi a 0,72% neste mês, acima da mediana de 0,65% estimada pelo mercado financeiro. Este foi o maior registro para o mês desde 2004 e leva o acumulado nos últimos 12 meses para 8,59%.
Terceiro movimento
Em junho, o Copom elevou a Selic para 4,25% ao ano, uma alta de 0,75 ponto percentual — o terceiro movimento na mesma magnitude —, e sinalizou que deve repetir a dose no mês que vem.
A energia elétrica assumiu o papel de principal vilã da inflação com o encarecimento da taxa extra da fatura.
O índice também é pressionado pelo encarecimento das commodities, sobretudo os combustíveis e os alimentos.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, insiste em dizer que o aumento da inflação é temporário, apesar de admitir que a pressão já se disseminou por parte da cadeia econômica.
Cenário contaminado
A falta de um posicionamento mais duro arrisca esticar o atual cenário para 2022. O BC já abandonou a perspectiva de fechar este ano dentro da meta e projeta que o IPCA chegue a 5,8% em dezembro.
O cenário inflacionário de 2022 ainda deve ser impactado pela forte volatilidade do câmbio em meio ao processo eleitoral.
A retomada do setor de serviços a partir do avanço da imunização da população contra o novo coronavírus também é apontada como ponto de pressão na variação dos preços.
A deterioração do cenário inflacionário é observada há meses pelo mercado financeiro. O relatório do Banco Central revisou para cima a perspectiva para o IPCA em 2021 pela 15ª vez seguida, passando a estimativa para 6,31%.