HPV aumenta os riscos de câncer de boca e garganta entre os jovens

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de maio de 2018 às 02:43
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:42
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Contaminação cresceu entre os jovens, chegando em 40%, segundo dados do Hospital Oncológico A.C.Camargo


alguns anos, os diagnósticos de câncer de boca e garganta eram quase que
exclusivamente detectados em pacientes acima de 50 anos. Atualmente, esse
cenário está diferente: a contaminação está menor entre os adultos e cresceu
entre os jovens, chegando em até 40%, segundo dados do Hospital Oncológico
A.C.Camargo Cancer Center. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA),
esse tipo de câncer é o quinto que mais atinge homens brasileiros, somente
atrás dos de próstata, traqueia, brônquio e pulmão, cólon e reto e estômago.

Quais são as causas?

Mesmo
que o cigarro e o álcool sejam as principais fontes desses cânceres, outro
fator de risco surgiu: o papiloma vírus humano, mais conhecido como HPV,
transmitido pelo contato com secreções, não necessariamente pelo ato sexual.
Fabiana Quaglio, membro da Câmara Técnica de Estomatologia do Conselho Regional
de Odontologia de São Paulo (CROSP), explica a relação entre as duas doenças.

Estimativas mostram que o comportamento mudou

Estima-se
que entre 25% e 50% das mulheres e 50% dos homens estejam infectados pelo vírus
no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 2% da
população tem HPV e não apresenta nenhum sintoma ou sinal da contaminação, pois
a maioria das manifestações sintomatológicas são facilmente combatidas pelo
sistema imunológico. “Fica claro que a mudança dos hábitos sexuais na população
adulta jovem vem mudando e, assim, favorecendo a disseminação do vírus”,
afirma.

O que os números revelam?

De
acordo com oncologistas, 32% dos tumores de boca em jovens têm associação com o
HPV. Um estudo em andamento, que está sendo realizado pela A.C. Camargo e pela
Universidade Estadual Paulista (Unesp), revela que em amígdalas os casos que
estão associados ao vírus chegam aos 80%, mais que o triplo de dez anos atrás.
Além disso, o vírus HPV se manifesta de diversas formas, chegando à 150
variáveis. A maioria dos casos, entretanto, está associada aos tipos 16 e 18,
contra os quais já existe vacina.

Como prevenir?

“A
vacinação é a melhor forma de prevenção”, afirma Fabiana. A profissional
ressalta que é fundamental conscientizar meninos e meninas sobre a importância
da vacina contra o HPV antes de iniciarem a vida adulta e a iniciação sexual,
além de ressaltar a importância da prática de sexo seguro com uso de
preservativos para sexo oral. É necessário, também, alimentar-se bem, não
beber, não fumar, ter boa higiene oral, fazer o autoexame com frequência
observando todas as regiões e estruturas da boca.

Peça ajuda ao seu dentista

A
dica de Fabiana é simples: é necessário buscar a orientação de um profissional
especializado para orientações complementares e higiene oral. Seu
cirurgião-dentista é o profissional certo para a prevenção, orientação e diagnóstico
de lesões. “Prevenir e orientar ainda são as melhores alternativas sempre.
Olhos abertos e atentos a quaisquer alterações na mucosa de uma maneira geral e
procure sempre um cirurgião-dentista”, explica.

Quais são os sintomas?

O HPV
causa lesões, normalmente indolores, conhecidas como papilomas, que são
pequenas verrugas com conteúdo sólido medindo até 3mm. Elas podem aparecer na
boca, na garganta e em toda a orofaringe. “No geral, as lesões de câncer de
boca e garganta se apresentam como feridas, úlceras que não cicatrizam em um
prazo de 15 dias”, explica. Também podem surgir nódulos firmes fixos,
dificuldade ao mastigar, falar, deglutir, imobilidade lingual, sangramentos sem
causa aparente, rouquidão persistente, mobilidade dental sem causa aparente,
lesão indolor ou lesão com dor constante, manchas esbranquiçadas, avermelhadas
e acastanhadas na mucosa oral.

Qual é a chance de cura?

De
acordo com a profissional, o diagnóstico precoce é a chave para um tratamento
efetivo e um prognóstico favorável em todos as situações. “Os tumores ligados
ao HPV têm uma taxa maior de cura do que os ligados ao tabaco e ao álcool, por
exemplo. O prognóstico, depois de estabelecido o melhor tratamento, seja
cirúrgico, quimioterápico ou radioterápico, é sempre mais favorável”, conta.


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