Estudo da Unicamp sobre musculação: é melhor valorizar a carga ou nº de repetições?

  • Nene Sanches
  • Publicado em 17 de julho de 2023 às 19:00
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No treino de alta carga praticantes carregaram 80% do próprio peso; no de resistência o índice foi de 30%, com repetições até a exaustão

Um estudo realizado pela Unicamp mostra que o ganho de massa muscular é igual para quem valoriza carga ou número de repetições durante treinos de musculação.

A pesquisa, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e publicada na revista Metabolites em fevereiro deste ano, considera que os dois tipos de treino provocam a mesma hipertrofia e estresse metabólico, este medido pela análise de substâncias liberadas no sangue após o esforço físico.

Em meio ao “tanto faz” sugerido pelo estudo, profissionais da educação física destacam orientações que consideram o biotipo nas academias e cuidados com a alimentação.

O que diz o estudo?

Os pesquisadores acompanharam ao longo de oito semanas 18 indivíduos submetidos a diferentes protocolos de treino, mas o biotipo – termo referente às características físicas herdadas geneticamente – foi desconsiderado durante as análises.

O experimento feito duas vezes na semana foi composto por dois exercícios em três séries para treino de quadríceps, uma das maiores musculaturas do corpo, na parte da frente das coxas.

No treino de alta carga, os participantes carregaram até 80% do próprio peso, e no de resistência o índice chegou a 30%, mas com repetições realizadas até a exaustão.

Palavra do orientador

“Os dois grupos ganharam a mesma quantidade de massa muscular, teve um pouquinho mais de vantagem para o grupo que treinou com carga alta, com grande esforço. Foi investigado o que a gente estava olhando em termos de ativação muscular, reagrupamento do músculo, e respostas metabólicas. Teve maior ativação muscular no grupo que treinou com carga alta, e de forma geral não houve diferença nos marcadores metabólicos que nós investigamos”, explicou o professor do curso de educação física da Unicamp, Renato Barroso, orientador da dissertação de mestrado.

De acordo com ele, existe uma forma de ativar os músculos pelos chamados disparos elétricos. A teoria é que o cérebro manda a informação para o músculo e então depende de quais fibras musculares são ativadas, já que cada uma é voltada para determinada tarefa – força ou repetições. Conforme algumas cansam, elas são substituídas por outras e há um esquema de revezamento.

Palavra do doutorando

Doutorando em educação física, Denis Fabrício Valério participou de todas as etapas do mestrado e segue com pesquisas na área de concentração biodinâmica do esporte e movimento.

“Continuo pesquisando sobre musculação e resposta hipertrófica. No entanto, em uma linha um pouco diferente da que foi abordada em meu mestrado. Estamos desenvolvendo pesquisas com responsividade e efeito placebo no treinamento de força”, afirmou ao portal G1, ao ponderar que o assunto não está esgotado.