Empresa São José quer dinheiro; Prefeitura se cala e Câmara desconfia de ambos

  • F. A. Barbosa
  • Publicado em 20 de junho de 2021 às 13:00
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Segundo nota da empresa, divulgada no sábado (19), há colapso financeiro e Prefeitura está omissa; Alexandre Ferreira não se manifesta

Na discussão sobre equilíbrio financeiro, a São José reivindica e a Prefeitura se cala e os vereadores querem mais informações

Uma relação de décadas está exposta e em crise. Este é o cenário do transporte coletivo de Franca na atualidade.

A Empresa São José atua há mais de 60 anos e tem lá seus problemas com a população, mas segue intocável na prestação do serviço de transporte público.

Todos os anos a empresa pede aumentos estratosféricos no valor da tarifa, o que é visto como forma de ajudar na comunicação do governo de plantão. O pedido é sempre alto, mas o prefeito concede sempre menos e fica “bem” perante a população.

Na justificativa do pedido de aumento a empresa diz que tem prejuízo e reivindica o famoso “equilíbrio econômico-financeiro” do contrato.

Permanência

E entre um aumento liberado e outro represado, nas últimas gestões administrativas em Franca, a São José ainda consegue continuar na cidade – apenas um dos muitos locais onde atua, inclusive na cidade de São Paulo.

A população precisa do transporte, mas não se derrete pela empresa. São constantes as reclamações sobre o atendimento de funcionários, limpeza dos ônibus, quantidade de veículos e atrasos nos horários das linha. Mas a São José segue firme.

O único arremedo de concorrência que ela teve em Franca, durante a gestão do petista Gilmar Dominici, foi da empresa Atual, que pertence ao mesmo grupo que a São José.

Foi também Gilmar Dominici e sua turma que fizeram o último projeto e planejamento de transporte coletivo, quando segmentou os percursos e barateou as viagens. Tanto é que foi reeleito. Foi Gilmar também que conseguiu da empresa a construção do Terminal Ayrton Senna.

Abalou geral

Mas agora o relacionamento umbilical entre São José e município está aparentemente abalado.

A empresa vem de seguidos atrasos nos pagamentos de salários e algumas greves-relâmpago foram deflagradas, a última neste sábado (19).

A justificativa dos funcionários é que não estão recebendo; da empresa, que o dinheiro não está dando. O prefeito Alexandre Ferreira segue calado.

Segundo nota oficial da Empresa São José, a coisa está feia. “Com a pandemia e as restrições impostas aos mais diversos setores da economia, o transporte teve uma perda de demanda acentuada que chegou a 80% da quantidade de usuários pagantes na cidade.

Movimento inercial

E, mesmo com todos esses problemas e com a inércia do Poder Público, a São José manteve os ônibus circulando para não deixar a população sem este serviço essencial”.

Alexandre Ferreira, que comumente faz pronunciamentos pelo Instagram e pelo Facebook, não se manifestou. Nem pessoalmente e nem nos releases da sua área de comunicação. Deixa como está para ver como é que fica.

A reação do prefeito ocorreu de forma silenciosa. Protocolou um projeto de lei, que será votado nesta semana pela Câmara, prevendo um repasse de até R$ 1,3 milhão para a Empresa São José, mas não de forma direta e sim através da compra de passagens.

A iniciativa consiste no fornecimento de passagens de transporte coletivo para usuários dos serviços de saúde, assistência social, desenvolvimento e educação técnica e profissional prestados pelo município de Franca.

Compra ou subsídio

Não é bem o que a São José quer. Para justificar o equilíbrio financeiro do contrato, a empresa quer o repasse em forma de subsídio.

Alexandre sabe ou imagina o desgaste que atender a esse pedido vai causar, justamente pela antecipada manifestação já contrária da população nas redes sociais.

Ao apresentar o projeto de lei, Alexandre jogou a “batata quente” para os vereadores, que também não são bobos nem nada, conhecem o desgaste de uma medida impopular.

Se não houver muita conversa convincente é bem possível que os vereadores rejeitem o projeto de lei. E se rejeitarem, vai aparecer no cenário uma nova imagem: a da fraqueza política.

No meio de tudo isso, está a população que depende de ônibus e que assiste apreensiva todas as movimentações.

Aguardemos o próximo round.


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