Chuvas de verão aumentam o risco de dengue e outras doenças; saiba como prevenir

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 14 de janeiro de 2024 às 12:30
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Altas temperaturas e fortes chuvas são o cenário perfeito para aumentar as contaminações de uma série de doenças. Veja quais

Chuvas e altas temperaturas acabam sendo o cenário favorável para o surgimento de doenças como a dengue – foto Arquivo

 

Com a chegada do verão, não são só as temperaturas que aumentam, mas as chuvas também ocorrem com maior frequência e mais intensidade, elevando os riscos de enchentes, alagamentos, transbordamento de esgotos e rios e de deslizamentos de terra.

E assim cresce também o número de casos de dengue, leptospirose, hepatite A e Doenças Diarreicas Agudas (DDA).

Para auxiliar nos cuidados com a saúde no período mais chuvoso do ano, o infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Filipe Piastrelli, orienta como se proteger de cada tipo de enfermidade.

Leptospirose

De acordo com o Ministério da Saúde, entre janeiro e novembro de 2023, o país registrou cerca de 2 mil casos de Leptospirose e mais de 180 mortes.

Para evitar a transmissão da doença é importante minimizar ao máximo o contato com a água suja e barrenta proveniente das chuvas.

Além disso, sair rapidamente do ambiente atingido é fundamental para que as bactérias não penetrem na pele, afirma o especialista.

Os principais sintomas da leptospirose são dores pelo corpo principalmente nas panturrilhas, febre, icterícia rubínica (coloração amarelada na pele e nos olhos, que por vezes podem ficar avermelhados) e dor de cabeça.

Segundo o médico, o período de incubação da doença pode chegar a até 30 dias, mas normalmente os sintomas se manifestam entre 7 e 14 dias após a exposição ao risco.

O diagnóstico da doença é feito por meio de exame de sangue. Já o tratamento da leptospirose consiste no uso de antibióticos e medidas de suporte clínico. Aliás, muitas vezes requer internação hospitalar.

“A qualquer sinal dos primeiros sintomas é importante procurar um médico e relatar o contato com a enchente. Assim, é possível fazer uma melhor avaliação clínica para a possibilidade de leptospirose e para instituir o tratamento precocemente caso seja pertinente”.

“A leptospirose pode evoluir com comprometimento renal, hepático e pulmonar e até mesmo levar à morte.”, explica o infectologista.

Hepatite A

Já a Hepatite A é uma infecção causada pelo vírus A da hepatite (HVA) e que pode ser contraída quando há o consumo de alimentos ou líquidos contaminados.

Os primeiros sintomas da doença são perda de apetite e dores abdominais. “É importante lembrar que é possível evitar essa doença por meio da vacinação”, informa o médico.

Doenças Diarreicas Agudas (DDA)

As Doenças Diarreicas Agudas são, basicamente, uma infecção gastrointestinal. A causa pode ser de diferentes agentes, como bactérias, vírus ou parasitas.

A doença altera a consistência das fezes, que fica aquosa ou pouco consistente. Além disso, há o aumento do número de evacuações em 24 horas, quadro que pode acompanhar vômitos.

Segundo o Dr. Filipe Piastrelli, essas doenças aparecem de forma silenciosa e por isso, as pessoas que tiveram contato com água contaminada devem procurar ajuda médica o quanto antes.

Dengue, Zika e Chikungunya

Os períodos de chuvas intensas, aumentam a preocupação dos especialistas também com a proliferação dos casos de Dengue, Zika e Chikungunya.

Todas elas são provocadas pelo mosquito Aedes aegypti, cuja reprodução é maior durante a estação mais quente do ano.

De acordo com dados divulgados pelo Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, até a primeira quinzena de dezembro deste ano, o estado registrou cerca de 316 mil casos de Dengue, 2 mil de Chikungunya e quatro de Zika.

Os principais sintomas dessas doenças são febre alta, manchas na pele, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente nas articulações.

Quem apresenta esses sintomas deve procurar atendimento médico, pois são doenças potencialmente graves.

“A principal forma de prevenção é eliminar pontos que podem acumular água parada e que provocam o surgimento de poças de água, locais propícios para a proliferação das larvas do mosquito transmissor dessas três doenças”.

“Para isso, é importante tampar bem as caixas d ‘água, evitar o acúmulo de lixo, realizar a limpeza frequente de ralos, calhas, além de eliminar pratos em vasos de plantas”, reforça o Dr. Filipe.

O que fazer em casos de enchentes

Caso você tenha sido vítima de uma inundação, a limpeza dos ambientes atingidos pelas chuvas deve ser feita quando a água baixar.

Deve-se sempre utilizar protetores como luvas, botas impermeáveis ou sacos plásticos duplos para pernas e braços.

O que não puder ser recuperado deve ser descartado. Além disso, é preciso remover o barro que permanecer nos ambientes, utensílios, móveis e outros objetos, usando escova ou vassoura, sabão e água limpa.

Para a limpeza de ambientes e superfícies deve-se utilizar produtos à base de hipoclorito de sódio (como água sanitária).

Todos os alimentos que tiveram contato com a água das enchentes devem ir para o lixo. Isso porque, mesmo quando lavados e secos, ainda podem estar contaminados, alerta o médico.

O especialista ainda pede atenção com as crianças, que não devem jamais brincar com a água suja das poças e inundações.

*Informações Saúde em Dia


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