Calçadistas de Franca não podem descartar resíduos em aterro por documento vencido

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 6 de outubro de 2021 às 10:30
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Segundo a Cetesb, desde 24 de setembro somente quem tem um certificado pode depositar o lixo no local

Calçadistas de Franca estão impedidos de descartar resíduos no aterro sanitário da cidade – foto Fábio Júnior / EPTV

 

O vencimento do Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental (Cadri) coletivo do setor calçadista desde setembro de 2018 impede o descarte de resíduos da produção de calçados no aterro sanitário de Franca.

A exigência do documento passou a ser feita pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e pela Empresa Municipal para o Desenvolvimento de Franca (Emdef), responsável pela administração do aterro, em 24 de setembro.

A medida, de acordo com empresários do ramo, foi tomada sem aviso prévio. Eles pedem um prazo de ao menos seis meses para adequações, segundo José Carlos Brigagão do Couto, presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca (SindiFranca).

“Nós depositamos o resíduo tem 15 anos. O que nós precisamos agora é um prazo. Queremos cumprir com a determinação. Não fugimos. Queremos preservar o meio ambiente, como sempre fizemos, haja em vista que nós que construímos o aterro de Franca. Nós queremos um prazo para cumprir. O que acontece é que a forma com que a Cetesb fez é uma ditadura. Impôs essa condição”, afirmou.

Segundo a Cetesb, o aterro de Franca funciona desde 2006 e foi licenciado para receber resíduos sólidos domiciliares e industriais não perigosos, desde que haja apresentação do Cadri.

A Emdef disse em nota que o SindiFranca tinha ciência da exigência do Cadri por conta de uma decisão da Justiça.

Além disso, informou que desde o vencimento do registro coletivo do setor, em 27 de setembro de 2018, o sindicato não se manifestou em relação à regularização dos resíduos junto à Cetesb.

A empresa ainda falou que uma Licença de Operação de outubro do ano passado condiciona o aterro a receber somente resíduos por meio de um Cadri individual, porque, segundo a Emdef, essa modalidade “previne problemas e concede segurança ao descarte dos resíduos pelas empresas”.

A administradora do aterro também citou que faz reuniões constantes com a diretoria do SindiFranca desde junho deste ano para tratar do assunto.

Setor cobra alternativa

Lixo vai se acumulando em tambores dentro das fábricas de Franca – foto Fábio Júnior / EPTV

 

Enquanto o impasse não é resolvido, os empresários do setor acumulam os lixos, a maioria deles da parte do curtume, em tambores deixados dentro das fábricas.

É o caso do empresário José Rosa Jacomete. Ele cobra uma alternativa para um local de depósito regular dos resíduos.

“Nós não temos onde levar o lixo hoje. A solução seria incinerar, o sistema de pirólise, mas não temos nada disso montado. Hoje, em Franca, não tem como fazer nada”, disse.

Na fabrica do Salueber Cordeiro, os produtos que precisam ser jogados no lixo são 100% de couro e, segundo ele, há uma porcentagem mínima de compostos que fazem mal ao meio ambiente.

Com a proibição do descarte no aterro, que tinha um custo médio de R$ 20 por tambor de resíduo, o valor subiu para R$ 80, pois é preciso levar os resíduos a outras cidades, como Uberaba (MG). Por dia, são gerados 250 quilogramas de lixo.

“Prejudica muito no custo do consumidor final e até a gente poder juntar esse material aqui dentro se torna um transtorno aqui na empresa. Encarece a produção e também um transtorno de armazenamento. A gente não tem local adequado para ficar armazenando durante muito tempo para ter um baixo custo do descarte”, explicou.

Para o presidente do SindiFranca, José Carlos Brigagão, a solução definitiva para este impasse seria a reciclagem do curtume.

Por conta disso, nos próximos dias está prevista na cidade uma experiência com um equipamento que pode realizar este trabalho com os resíduos do setor calçadista.

“Se esse processo der certo, e eu acredito que vá dar certo, aí nós vamos estar instalando essa usina em Franca para poder reciclar esse resíduo. Ele vai gerar óleo, vai gerar gás, vai gerar eletricidade e vai preservar o meio ambiente. Isso vai agregar valor aos nossos produtos, inclusive nas exportações”, afirmou.

*Informações G1

 


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