Ato de amor em prol do outro aumenta o exército de voluntários sociais

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 09:57
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 17:34
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Em Franca, é cada vez maior o
número de pessoas engajadas
em ações para ajudar o próximo

Fazer o bem sem olhar a quem. É nesse princípio que as pessoas que ingressam no trabalho voluntário se pautam. Sem buscar nada em troca, elas dedicam de seu tempo e, muitas vezes, dinheiro para ajudar o próximo. Em Franca, inúmeros grupos realizam trabalhos nos mais diversos locais: hospitais, creches, berçários, asilos, ou praças. O público alvo também varia de crianças, idosos, moradores de ruas, pessoas com problemas de saúde, animais abandonados à pessoas com deficiência.

Integrantes do Centro Voluntariado Universitário de Franca

Um desses grupos é o Centro Voluntariado Universitário (CVU), composto por 24 membros fixos, em sua maioria estudantes, e um número ilimitado de voluntários, que ajudam de acordo com sua disponibilidade em cada ação.  Para ser voluntário basta comparecer às ações que são divulgadas através das redes sociais, já para ser membro existe um processo em que a pessoa interessada se compromete com a causa, mas nada muito burocrático, apenas para reforçar a responsabilidade e empenho com as ações. O CVU é uma instituição presente em várias cidades do país. Em Franca, a iniciativa partiu de um membro que conheceu o trabalho em Uberaba e se organizou para trazê-lo para cá.

O centro atua em todas as áreas, desde ajuda a creches, asilos, moradores de rua até animais abandonados. São feitas ações pontuais com um objetivo, mas também existe intenção de fazer programas de voluntariado que tenham maior duração do que uma única ação ou visita.

Vários tipos de ações

Gabriela Gasparelli é um dos membros mais antigos do grupo. Para ela, o principal objetivo do trabalho é promover uma conexão entre a vontade pessoal e a ação social, criando oportunidades para estudantes universitários atuarem em programas de voluntariado e projetos sociais, favorecendo a formação humana e o desenvolvimento comunitário. Muitas pessoas sempre têm vontade de ajudar aos outros, mas acabam não tomando a iniciativa, por timidez ou comodidade. Com um grupo de amigos, como o CVU, fica bem mais fácil. “Além disso, percebemos que o ato de ajudar outras pessoas é também uma ajuda a nós mesmos, aprendemos com o outro e compartilhamos experiências únicas que vão construindo nossa personalidade”, afirmou.

O CVU realiza ações todos os meses, e já organizou iniciativas importantes como distribuição de alimentos e cobertores para moradores de rua, festas de Natal para crianças que ficam em abrigos, entrega de cestas básicas para famílias carentes, e organização de festas de Dia das Crianças na Capelinha para a comunidade carente, por exemplo.

Para Gabriela, a sensação de fazer o bem para pessoas que possuem tão poucas oportunidades de vida é indescritível. “Ao mesmo tempo em que ocorre o choque de realidade e uma reflexão, temos o sentimento de poder mudar a vida de alguém, com o mínimo que seja. Isso é gratificante. Quanto mais trabalho, mais vontade dá de fazer”, conta.

Muitos outros grupos

São muitos os outros grupos que realizam trabalho voluntário em Franca, como o “Madrinhas do Bem”, “Amigos na Caridade”, “Voluntários Amigos do Bem”, “Centro de Voluntários”, “Cão que Mia”, “Secos e Não Molhados”, entre outros. Cada um deles se encaixa num tipo de ação, numa demonstração de que a sociedade quase sempre se oferece para realizar aquilo que o poder público não consegue ajudar. O mais importante em tudo isso é que os grupos voluntários buscam junto à população os recursos financeiros necessários às atividades.

Há mais de 10 anos, a “Cão que Mia” recolhe, trata e doa animais abandonados

Os integrantes da “Cão que Mia”, por exemplo, desenvolvem trabalho voluntário pautado exclusivamente nos animais de rua. A ONG existe há mais de 10 anos e dá assistência para os bichinhos abandonados. Através das Feiras de Adoção feitas pela instituição, estima-se que mais de 200 animais ganhem um novo lar todos os meses, o que é, sem dúvida, um ato de amor e colaboração.

Como a ONG é um órgão independente, que não conta com a ajuda de nenhum setor público, a colaboração dos próprios dos voluntários é fundamental para a continuidade do projeto. Com o trabalho desenvolvido por eles, a “Cão que Mia” angaria recursos para permanecer ajudando os animais. São feitas diversas ações para ajudar a ONG, como pedágios nas principais avenidas da cidade, arrecadando dinheiro para a compra de ração e medicamentos.

Ajuda individual

Existem em Franca pessoas que se voltam ao trabalho voluntário individual. Sem se importar como ou para quem, elas colocam o interesse dos outros em primeiro plano e dedicam-se à doação, principalmente de carinho. É o caso de Norma Martins, uma das voluntárias do Berçário Dona Nina. “É claro que os recursos financeiros, as roupas e os alimentos são fundamentais, uma vez que essas pessoas não possuem condições básicas de sobrevivência. Mas no dia a dia percebemos que o mais precioso bem para a doação é o amor. Uma palavra de carinho, um abraço, atenção… Isso faz toda a diferença. Para eles, e para nós”, conta.

Há dois meses, Norma se ofereceu para organizar doações financeiras para a instituição. Com apoio de empresários da cidade, ela angaria recursos para o berçário que são destinados para o pagamento dos itens de maior necessidade no mês. Às vezes, o dinheiro é usado para comprar alimentos, remédios e fraldas, e em outras oportunidades para realizar a folha de pagamento dos funcionários. O objetivo final não importa. O fundamental é saber que a ação feita está ajudando as crianças da entidade. “Sinto-me feliz de saber que colaboro com as crianças, mas os melhores momentos são aqueles que consigo estar perto delas, brincando e rindo com elas”, resume Norma. Assim como Norma, milhares de pessoas realizam esse trabalho em Franca, sempre no anonimato. Porque para eles, o bem feito ao outro é bem feito em dobro a si mesmo.


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