Ansiedade afeta dois em cada três estudantes universitários em todo o Brasil

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 4 de dezembro de 2023 às 11:00
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59% dos estudantes brasileiros dizem não dormir o suficiente, enquanto 47% afirmam não conseguir praticar hábitos saudáveis

A Chegg.org, o braço sem fins lucrativos da empresa de tecnologia educacional Chegg, lançou a nova edição da Pesquisa Global de Estudantes 2023 (Global Student Survey 2023) – a pesquisa mais abrangente e atualizada sobre a vida, esperanças e preocupações de estudantes universitários em 15 países, à medida que entram na era da IA.

Quase dois terços (65%) dos estudantes brasileiros afirmam ter sentido ansiedade diariamente, a segunda maior porcentagem entre todos os países pesquisados, depois dos Estados Unidos (68%).

A maioria (59%) diz não dormir o suficiente, enquanto quase metade (47%) afirma não conseguir praticar hábitos saudáveis. Além disso, cerca de um terço (34%) relata dificuldade em conhecer novas pessoas e fazer amigos.

Isolados

Estes resultados são baseados em uma pesquisa de opinião aprofundada conduzida pela Yonder Consulting com mais de 11 mil estudantes universitários de 18 a 21 anos em 15 países, incluindo 1.010 estudantes no Brasil.

Esta terceira edição da Pesquisa Global de Estudantes da Chegg.org é a pesquisa mais abrangente e atualizada sobre estudantes universitários em todo o mundo, à medida que entram na era da Inteligência Artificial – IA.

Entre as perguntas com aspectos mais pessoais como sua saúde, bem-estar e atitudes sociais, nesta pesquisa também foram abordadas a opinião dos estudantes sobre a aprendizagem na era da IA, habilidades e carreiras.

A Chegg.org lançou a primeira edição de sua Pesquisa Global de Estudantes em 2021, durante os bloqueios da COVID, e, desde então, conduz uma pesquisa a cada ano. A primeira pesquisa foi publicada em fevereiro de 2021, e a segunda em abril de 2022.

Estressados

“Nossa Pesquisa Global de Estudantes mostra que estudantes ao redor do mundo estão estressados, têm falta de sono e têm dificuldade em fazer novos amigos. Há uma necessidade urgente de um suporte robusto à saúde mental, para que os aprendizes possam aproveitar ao máximo sua educação e enfrentar o futuro com confiança”, disse Heather Hatlo Porter, chefe da Chegg.org e diretora de Comunicações da Chegg, Inc.

Esta pesquisa mostra que 52% dos estudantes brasileiros usaram inteligência artificial generativa (GenAI) para ajudar em seus estudos.

No entanto, enquanto os estudantes brasileiros parecem ver o GenAI como uma ferramenta útil de apoio ao aprendizado, eles ainda veem espaço para melhorias, com 46% de todos os estudantes brasileiros pesquisados pedindo a participação de especialistas humanos na geração de respostas.

Além disso, dos 52% que disseram ter usado o GenAI em seus estudos, 48% estão preocupados em receber informações incorretas ou imprecisas.

Tecnologia

“Embora os estudantes estejam começando a adotar o GenAI para apoiar seu aprendizado, está claro que eles veem espaço para melhorias. Os estudantes querem ferramentas de aprendizado com GenAI que forneçam suporte de estudo preciso e confiável. Crucialmente, de acordo com nossa pesquisa, uma prioridade principal para melhorar a tecnologia entre todos os entrevistados no Brasil foi a participação de especialistas humanos. Uma análise de nossa pesquisa interna descobriu que os estudantes estão usando principalmente o GenAI para tarefas de escrita e ainda não estão aproveitando totalmente a tecnologia para disciplinas STEM”, acrescentou Porter.

“Ao elevar as vozes dos estudantes e ouvir suas preocupações, podemos obter insights profundos sobre como apoiá-los. Crucialmente, ao entrarmos nesta nova era da IA, entenderemos melhor como aproveitar todo o potencial dessa tecnologia, permitindo que os estudantes aprendam da maneira que desejam, o que desejam, quando desejam e no formato preferido deles – o que, em última análise, os ajudará em sua jornada de aprendizado ao longo da vida.”

Curiosidade

Entre os 52% dos estudantes brasileiros que afirmam ter usado GenAI em seus estudos, a principal emoção que sentem ao usar o GenAI é a curiosidade: 56% disseram sentir principalmente curiosidade. Além disso, dos estudantes brasileiros que disseram usar o GenAI em seus estudos, 32% afirmaram inserir uma pergunta nas ferramentas do GenAI uma vez ou mais por dia.

Entre os estudantes brasileiros pesquisados que usaram o GenAI em seus estudos, 53% dizem que isso os ajuda a aprender mais rápido, e 45% dizem que isso libera mais tempo para eles.

Mais de dois terços (68%) de todos os estudantes brasileiros pesquisados dizem que, diante da disponibilidade de ferramentas gratuitas de GenAI, as faculdades/universidades devem mudar a maneira como avaliam os alunos, acima da média global de 65%.

Dentre esse grupo, 53% dizem que deveria haver uma orientação melhor sobre o uso aceitável de ferramentas de GenAI em avaliações, e 43% dizem que deveria haver mais avaliações baseadas em trabalhos.

Futuro na carreira

Os estudantes também estão avaliando como a IA pode afetar suas futuras carreiras. Menos de um quarto (22%) acredita que seu diploma será menos ou não útil em um ambiente de trabalho assistido por IA, enquanto 37% acreditam que será mais útil.

Talvez por isso, mais de dois terços (69%) dos estudantes brasileiros gostariam que seu currículo incluísse treinamento em ferramentas de IA relevantes para sua futura carreira.

A pesquisa também destaca o desejo dos estudantes por mensalidades mais baixas, com mais da metade (53%) dos estudantes brasileiros concordando que prefeririam que sua universidade oferecesse a opção de mais aprendizado online se isso significasse pagar mensalidades mais baixas.

Apenas 11% discordaram fortemente disso. Isso também pode explicar por que mais da metade (58%) dos estudantes brasileiros dizem que, se fosse mais barato, prefeririam que seu diploma universitário levasse menos tempo para ser concluído.

Os resultados da pesquisa também mostram como os estudantes veem a contínua adaptação de seus professores às mudanças tecnológicas desde a COVID-19. Mais da metade (54%) dos estudantes brasileiros dizem que seus professores sabem como ensinar efetivamente online.


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