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Sistema estudado pela Unifran e UEMG pode amenizar efeitos colaterais de pacientes com câncer
Pesquisadores da Universidade de Franca (Unifran) e da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) desenvolveram uma cápsula capaz de liberar, de maneira controlada, dois medicamentos diferentes no corpo humano ao mesmo tempo.
O sistema, ainda em fase de testes, utiliza materiais orgânicos e inorgânicos para combinar o uso de um anticancerígeno com um anti-inflamatório.
O método tem o potencial de reduzir efeitos colaterais de quem está em tratamento, explica o professor Eduardo Ferreira Molina, um dos orientadores do estudo, publicado na revista Applied Bio Materials, da Sociedade Americana de Química.
Liberação controlada de remédios
A combinação de materiais orgânicos e inorgânicos na produção de cápsulas não é uma novidade e tem aplicação inclusive fora da indústria farmacêutica, segundo o pesquisador.
Mas pela primeira vez foi possível fazer com que componentes químicos com características e interações completamente distintas com a água do corpo foram inseridas na mesma formulação sem que perdessem suas propriedades de ação no organismo.
Com envolvimento de seis pesquisadores, o trabalho foi desenvolvido desde 2015 por meio de um projeto de mestrado em ciências com bolsa da Fapesp e auxílio de diferentes colaboradores da Unifran e da UEMG.
Para chegar às drágeas, o grupo dissolveu um anti-inflamatório – naproxeno – e um anticancerígeno – o 5-fluorouracil – em um polímero, o siloxano-poliéter, e posteriormente submeteu essa mistura a um processo químico que transforma o líquido em um material gelatinoso e transparente, similar ao de uma cápsula convencional.
A diferença é que essas apenas funcionam como proteções para a liberação de apenas uma substância por vez, e sem esse controle, dentro do organismo.
Os primeiros testes em laboratório evidenciaram que, quando em contato com um líquido de temperatura e acidez similares ao do intestino humano, a cápsula não só absorveu grandes volumes de água sem se dissolver como ativou os medicamentos em quantidades iguais e de forma prolongada, um efeito considerado inédito.
A expectativa é de que o mesmo sistema, um dia, seja utilizado para outros tipos de medicamentos.
A nova cápsula ainda precisa ser testada em ratos e seres humanos antes de chegar ao mercado, o que pode levar anos e depende de investimentos em pesquisa.
Além da drágea, os pesquisadores imaginam a utilização do mesmo material para o desenvolvimento de adesivos aplicáveis, por exemplo, a doenças de pele.