Urologistas alertam para uso “recreativo” de remédio contra impotência

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 8 de dezembro de 2018 às 20:18
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:13
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Uso indevido desse tipo de medicamento coloca homens saudáveis em perigo físico e psicológico

O uso prescrito de
medicamentos contra a disfunção erétil reativa a vida sexual de homens
impotentes e recupera a autoestima. O uso inadequado desses comprimidos,
comprados na farmácia sem receita médica, pode fazer mal a saúde, alertam
urologistas e outros especialistas.

Para o especialista Paulo Aguiar, do Conselho Federal de
Psicologia, esse tipo de comportamento é  “um grande sintoma da
sociedade”. “Isso, o uso do Viagra, preenche vazios e inseguranças do
sujeito”, analisou.

Aguiar ressalta que o uso indevido de remédios contra impotência
expõe homens clinicamente saudáveis à dependência psicológica e reafirma
padrões sociais nem sempre positivos, em que prepondera a virilidade masculina.

Uso recreativo

Alex Sandro Baiense, do Conselho Federal de Farmácia, aponta que
o caso de Willian é generalizável. “Há um abuso do uso desse tipo de
medicamento de pessoas que não tem quadro clínico que justifique o uso desse
medicamento. Fica mais no campo do uso recreativo, da questão performática para
causar impressão”. 

Ele lembra que a orientação aos farmacêuticos é de que “qualquer
medicamento esteja com a indicação adequada”. “Nenhuma medicação pode ser usada de forma aleatória,
simplesmente alguém chegar à farmácia e comprar. Medicina não funciona assim.
Medicina funciona quando há consulta médica, tem que ter uma
orientação”, aconselha o urologista Carlos da Ros.

“A gente tem um universo pequeno de pessoas que têm
contraindicação absoluta de usar esse tipo de medicação, mas há um universo
grande de sintomas e sinais que podem ocorrer com o uso da medicação. Quando o
paciente não é alertado disso, ele acaba se surpreendendo com o efeito
colateral”, acrescenta o urologista Osei Akoamoa Jr.

Lucio Flavio Gonzaga Silva, cirurgião urologista, também condena
o uso desnecessário e a falta de consulta ao médico. “Algumas situações contraindicam
o uso desses medicamentos. Se você toma sem avaliação médica prévia, você
pode estar em uma dessas situações de contraindicação e pode correr riscos
graves. Nunca recomendamos o uso recreativo dessas substâncias”, completou.

O antropólogo Rogerio Lopes Azize, professor adjunto do
Instituto de Medicina Social (Uerj), avalia que o consumo indevido de
medicamentos para a disfunção erétil é sinal dos tempos. “Vivemos no ocidente
contemporâneo em uma sociedade do desempenho, no qual nos vemos como um sujeito-empresa,
cuja performance deve ser gerida e aprimorada. Isso atravessa e constrói a
nossa subjetividade, influencia nossa relação com drogas em termos gerais,
legais e ilegais”.


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