Bariátricas realizadas pelo SUS cresceram 215% entre os anos de 2008 e 2017

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 10 de julho de 2018 às 22:44
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:51
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São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Espírito Santo respondem por 82% dos procedimentos realizados

O
número de cirurgias bariátricas realizadas pelo Sistema Único de Saúde cresceu
215% entre 2008 e 2017. Foram 3.195 procedimentos em 2008, contra 10.064 em
2017. Os estados do Sudeste e do Sul puxam alta: Paraná, São Paulo, Minas
Gerais e Espírito Santo respondem por 82% dos procedimentos na rede pública.

Os dados são da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), que usou informações do
Datasus e do Sistema de Informações Hospitalares.

A tendência de crescimento se seguiu ao longo dos anos
em todos os setores, diz a entidade. No setor privado, a média de crescimento
anual foi de 6% a 7% nos últimos anos — enquanto no SUS o incremento anual
médio foi de 13,5%.

A
migração de pacientes do setor privado para o SUS nos últimos anos ajuda a
explicar crescimento no setor público, segundo a instituição. Em média, cada
procedimento custa R$ 6 mil ao SUS e R$ 13 mil no setor privado – honorários de
médicos e de hospitais mais baixos na rede pública explicam a diferença de
custo.

Apesar do incremento na rede
pública, no entanto, o sistema público ainda realiza muito menos cirurgias que
a saúde suplementar: segundo a ANS, o setor realizou 48.299 procedimentos em
2017. No total, o Brasil fez 105.642 cirurgias no ano passado: um aumento de
47% em relação a 2012 (72 mil), diz a SBCBM.

Embora a
tendência seja de crescimento e o cenário seja melhor que há alguns anos, Caetano
Marchesini, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica, diz que o número de cirurgias feitas no Brasil em 2017 atende a 2%
dos elegíveis ao procedimento. Hoje, 5 milhões de brasileiros teriam indicação
para a cirurgia.

O especialista
diz que indivíduos com obesidade mórbida e com doenças crônicas associadas à
obesidade estão dentre os 5 milhões de brasileiros com indicação para o
procedimento.

Estudos
e evidências nas últimas décadas têm demonstrado que a cirurgia não só ajuda
com questões diretamente relacionadas à obesidade, mas com condições associadas
ao aumento do peso — como é o caso da diabetes tipo 2.

O aumento na realização de
cirurgias ajudaria a diminuir gastos com essas doenças, diz a instituição.
Estudo da Universidade de Brasília e do Ministério da Saúde mostrou que no
Brasil são gastos anualmente R$ 500 milhões no SUS com o tratamento de doenças
associadas à obesidade.

A
obesidade hoje atinge 18,9% dos brasileiros, segundo pesquisa Vigitel (Pesquisa
de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico), realizada pelo Ministério da Saúde.

Perda de peso rápida

Além do tratamento de doenças
associadas, a perda rápida de peso (quando comparado a outros métodos) é um dos
fatores que empurram o crescimento das cirurgias em todo o mundo — não só no
Brasil.

Marchesini
explica que, no tratamento clínico, indivíduos perdem de 10 kg a 15 kg num
espaço de dois anos — ao passo que esses mesmos indivíduos podem perder até 60
kg entre 8 e 12 meses na cirurgia bariátrica.

Diferença entre cirurgia no SUS e no
plano de saúde

A
Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica explica que, no SUS, a
cirurgia geralmente feita é a aberta — e não a minimamente invasiva, conhecida
como cirurgia laparoscópica (por vídeo). Nesse tipo de procedimento, são feitas
pequenas incisões que diminuem o tempo total de recuperação.

No ano passado, o Ministério
da Saúde chegou a aprovar a adoção da técnica no SUS mas, segundo a entidade, a
verba não chegou para a realização do procedimento.

Em
média, uma pessoa que fez a cirurgia laparoscópica pode voltar ao trabalho em
15 dias para trabalhos administrativos ou em 30 dias para atividades que
requerem maior esforço físico. Na cirurgia aberta, a volta plena ao trabalho ocorre
em 90 dias.

Já na rede privada, quase 100%
dos procedimentos é feito pelo método menos invasivo. Com o crescimento das
indicações de cirurgia, no entanto, alguns planos têm tentado postergar a
realização do procedimento — já que eles trazem mais custos às operadoras.
“Mas a cirurgia acaba sendo feita porque ela está regulamentada pela
ANS”, diz Marchesini.

Outro
ponto, contudo, é que nem o SUS nem a Agência Nacional de Saúde Suplementar
regulamentaram a indicação do procedimento para pacientes com IMC 30kg/m² e
diabetes tipo 2, diz a entidade. Essa indicação foi aprovada em 2017 pelo
conselho Federal de Medicina. Antes, só era possível realizar a cirurgia em
pacientes com IMC entre 35 e 40.


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