Prefeitura de Altinópolis interdita 19 grutas após laudo e recomendação de geólogos

  • Nene Sanches
  • Publicado em 12 de novembro de 2021 às 18:30
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Decisão acontece após vistoria apontar fissuras e umidade na caverna Duas Bocas, onde nove pessoas morreram soterradas.

Técnicos sinalizam fissuras e pontos de umidade no teto da gruta que desmoronou em Altinópolis (Foto: Reprodução)

A Prefeitura de Altinópolis (SP) informou que vai proibir a visitação do público a todas as 19 grutas mapeadas na cidade, como medida preventiva após o desmoronamento da gruta Duas Bocas, onde nove pessoas morreram soterradas no dia 31 de outubro.

A interdição atende a recomendação de especialistas e geólogos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA). A informação é do portal G1 Ribeirão/Franca.

Em laudo elaborado depois de uma vistoria no local da tragédia, eles observaram fissuras, manchas de umidade, entre outras falhas na estrutura da caverna.

Estudos

O grupo recomendou que todas as grutas no município fossem interditadas até que estudos geológico-geotécnicos sejam realizados.

Entre as áreas está a gruta do Itambé, importante ponto turístico que recebe turistas de todo o Brasil e que foi fechada à visitação no dia seguinte ao acidente.

Em nota, a administração municipal disse que os proprietários das terras onde as grutas estão localizadas serão notificados para que, caso queiram permitir o acesso ao espaço, promovam estudo, monitoramento e plano de manejo necessários.

A Prefeitura informou, ainda, que encaminhou um ofício ao IPT, onde solicita apoio na realização de estudos nas estruturas.

Laudo

O laudo foi elaborado nos dias 1 e 2 de novembro e assinado por técnicos da Defesa Civil, especialistas e geólogos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas e do Instituto de Pesquisas Ambientais.

Com fotos do interior da caverna, os técnicos apontaram “estruturas favoráveis aos desplacamentos (fraturas, fissuras e acamamento), mancha de umidade”.

Além disso, segundo o relatório, a vistoria verificou “vários planos de descontinuidades” no teto da caverna, composto por arenito e de fácil absorção, e geometria irregular da superfície.

Ainda conforme a análise, a situação observada favorece a queda de blocos por desplacamento.

Diante das condições encontradas na gruta e do desmoronamento recente, os especialistas ainda fazem quatro recomendações às autoridades responsáveis pelo local.

São elas:

Realização de estudos geológico-geotécnico com análise estrutural, observando as descontinuidades encontradas, visando a estabilidade da estrutura e identificando os blocos e zonas de blocos instáveis;

Manutenção da interdição temporária para acesso a visitantes até que sejam realizados os estudos apontados;

Determinar a cronologia do acidente, a partir da coleta de informações e imagens das equipes que frequentam o local e também dos sobreviventes;

Monitoramento constante e sistemático da gruta Duas Bocas e das demais grutas na região, principalmente nos períodos chuvosos.

As causas do desmoronamento são investigadas pela Polícia Civil. Segundo o delegado Rodrigo Salvino Patto, indícios apontam para um fato extraordinário, devido a uma ação da natureza.


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