Por que os efeitos de algumas bebedeiras se estendem por mais de um dia?

  • Dayse Cruz
  • Publicado em 13 de agosto de 2023 às 11:30
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Problema atinge dois grupos: pessoas que bebem bastante com frequência e pessoas que raramente fazem isso.

Ressaca de dois dias atinge com mais frequência dois grupos de pessoas – foto Arquivo

 

As margaritas que você tomou na noite de sexta-feira te deixaram prostrado na cama durante todo o sábado. No domingo, você acorda e ainda está com sede e nervoso. Além disso, sua cabeça não para de latejar. Será que você está no auge de uma ressaca de dois dias?

O corpo quebra o álcool em acetaldeído, um composto químico, para metabolizá-lo. Uma ressaca —na qual o coração fica acelerado e o estômago enjoado— pode ser o subproduto desse processo. Na maioria dos casos, as ressacas seguem um padrão previsível: elas deixam as pessoas fracas e cansadas por cerca de 24 horas e depois desaparecem.

Mas em alguns casos, os sintomas podem durar mais tempo.

Quanto mais álcool se bebe, é claro, mais provável que a ressaca dure mais.

No entanto, algumas pessoas têm predisposição para essa maior duração, mesmo quando bebem uma quantidade relativamente moderada, segundo Emmert Roberts, estudante de psiquiatria na Universidade Stanford, que estuda ressacas.

Quem tem ressacas de dois dias?

Após uma noite de bebedeira, aqueles mais propensos a sentir os efeitos por vários dias se encaixam, paradoxalmente, em dois grupos: pessoas que bebem bastante com frequência e pessoas que raramente fazem isso.

Se você consome rotineiramente grandes quantidades de álcool, pode estar familiarizado com a agonia que se instala enquanto seu corpo luta para processar toda a bebida.

Isso é particularmente verdadeiro se você bebe de forma exagerada — o que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos define como o consumo de pelo menos quatro bebidas por uma mulher ou de cinco, por um homem.

Mas, em alguns casos, o que você considera uma ressaca pode realmente ser o início de uma séria abstinência de álcool, de acordo com Lara Ray, professora de psicologia clínica na Universidade da Califórnia, que pesquisa o transtorno do uso de álcool.

Especialista em medicina de dependência no Northwestern Medicine Central DuPage Hospital, Anthony T. March diz que os sintomas de uma ressaca e abstinência de álcool podem se sobrepor, e é importante saber a diferença.

Se você está vomitando persistentemente e não consegue ingerir líquidos, tem diarreia frequente, está confuso ou até mesmo tem alucinações leves, ou se sua pele está ficando azulada, você pode estar com uma forma grave de abstinência de álcool. Nesse caso, é preciso ir ao pronto-socorro o mais rápido possível.

Por outro lado, Ray explica que se você não bebe com muita frequência, mas exagera em uma noite, uma hipótese para o motivo de você ter uma ressaca mais longa é que seu fígado pode não estar condicionado a produzir acetaldeído. Isso significa que seus sintomas de ressaca podem persistir.

A idade também pode ser um fator: o fígado de uma pessoa mais velha pode levar mais tempo para metabolizar o álcool, explica Ray.

Além disso, há medicamentos como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs) — que tratam síndromes depressivas e transtornos de ansiedade — podem interagir com o álcool, potencialmente levando a sintomas de ressaca mais prolongados.

Quanto às pessoas azaradas que sofrem com ressacas de dois dias mesmo depois de beber moderadamente, os pesquisadores têm algumas teorias.

Roberts sugere que algumas pessoas podem ter predisposição genética para ressacas mais graves — elas podem ter uma reação anormalmente intensa à forma como o álcool aumenta o açúcar no sangue, o que pode levar a dores de cabeça piores e persistentes, ou seu sistema imunológico pode ter dificuldade em se defender do impacto do álcool, o que pode agravar e prolongar a sensação geral de mal-estar.

*Informações O Globo

 


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