Obesidade avança e mata 4 milhões de pessoas no mundo, diz relatório da ONU

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  • Publicado em 5 de agosto de 2019 às 18:07
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:43
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Segundo levantamento, número de adultos e crianças com a doença deve permanecer alto nos próximos anos

A FAO e
outras quatro agências da ONU (FIDA, PMA, OMS e UNICEF) lançaram nesta semana
os novos dados globais sobre a fome e outras formas de malnutrição. Os números
divulgados pelo relatório impressionam em cada um dos extremos: enquanto cerca
de 820 milhões de pessoas sofreram de fome no mundo em 2018, o número de
pessoas obesas é de 830 milhões. Ou seja: a quantidade de obesos ultrapassou o
de famintos.

O relatório
monitora não apenas a fome, mas também outras formas de malnutrição com
informações sobre o número de pessoas que enfrentam incertezas sobre sua
capacidade de obter alimentos nutritivos e suficientes ao longo do ano.

De acordo
com o cirurgião bariátrico Thales Delmondes Galvão, é simples entender a
relação entre a insegurança alimentar e a obesidade: “Quanto não há
recursos, as pessoas acabam optando por ingerir alimentos mais em conta, no
entanto que são menos nutritivos e mais calóricos”.

A obesidade
está contribuindo para quatro milhões de mortes todos os anos, de acordo com
números da ONU. Atualmente existem cerca de 672 milhões de adultos obesos
mundialmente, enquanto que crianças e adolescentes em idade escolar com a
enfermidade chegaram a 338 milhões, estatística que deve permanecer pelos
próximos seis anos e ser reduzida apenas em 2030, segundo a Unicef.

“O
excesso de peso na infância e adolescência acarreta doenças crônicas precoces,
como diabetes tipo II, hipertensão e apneia do sono. Por conta disso, esses
jovens são mais propensos a desenvolverem doenças cardíacas, pulmonares,
psicológicas e endócrinas que os acompanharão durante a vida adulta”,
explica Thales.

Além do
sedentarismo, um dos hábitos causadores da doença é o grande consumo de
alimentos industrializados e com baixo valor nutricional. “Alimentos
ultra-processados como embutidos, refrigerantes, macarrões instantâneos,
salgadinhos entre outros, têm grandes quantidade de sal, açúcar, produtos realçadores
de sabor, entre outros ingredientes industrializados. Possuem pouco benefício
nutricional e são uma das principais causas da obesidade que estamos observando
globalmente”, ressalta o médico.

Obesidade
no Brasil

Em 2016, 23%
dos brasileiros estavam obesos – um valor que chega a 57% da população se for
considerado o índice de massa corporal (IMC) maior que 25 (o que caracteriza o
sobrepeso).

Diante desse
cenário, números da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
(SBCBM) apontam para o crescimento no volume de intervenções realizadas no
Brasil: foram 105.642 mil cirurgias no ano de 2017, ou seja, 5,6% a mais do que
em 2016, quando 100 mil pessoas fizeram o procedimento no setor privado, de
acordo com os dados mais atuais fornecidos pela entidade.

O médico
Thales explica que a cirurgia bariátrica pode ser benéfica para pacientes que
sofram com problemas acarretados pela doença. “A redução de estômago é
recomendada para pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 40, ou
maior que 35, desde que possuam um conjunto de doenças associadas à obesidade,
como diabetes, hipertensão e dislipidemias (anomalias dos lipídios no sangue).
Além disso, a cirurgia também é recomendada para pacientes com o IMC maior que
30 com diabetes de difícil controle”, diz.

O aumento da
incidência da doença também está diretamente relacionado com as questões
socioeconômicas do país. Quando os recursos financeiros são escassos para o
consumo de alimentos, os cidadãos optam por produtos ultraprocessados que são
mais acessíveis e fáceis de serem consumidos do que os alimentos mais
nutritivos.

Sendo assim,
a indústria de alimentos deve ter participação no combate à obesidade que além
de um tema de saúde pública, também é um tema que diz respeito à cidadania da
população. 


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