Mudança de rotina causada pela pandemia e incertezas afetam a qualidade do sono

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 7 de fevereiro de 2021 às 23:30
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Mudança de rotina causada pela pandemia e incertezas afetam a qualidade do sono

A pandemia do novo coronavírus teve um efeito profundo na rotina das pessoas e tornou mais difícil o simples ato de dormir — a tal ponto que especialistas criaram até um termo para isso em inglês: coronasomnia, segundo reportagem da BBC, registrada pelo portal G1.

Em português seria algo como “corona-insônia” ou “Covid-insônia”. É um fenômeno que atinge pessoas no mundo todo: insônia associada ao aumento do estresse por causa da pandemia de Covid-19.

No Reino Unido, um estudo de agosto de 2020 da Universidade de Southampton mostrou que o número de pessoas com insônia aumentou de uma em seis para uma em quatro, com mais problemas em alguns grupos, incluindo mães e trabalhadores essenciais.

Na China, as taxas de insônia aumentaram de 14,6% para 20% durante o período de isolamento social. Uma “prevalência alarmante” de insônia clínica foi observada na Itália.

Na Grécia, quase 40% dos entrevistados em um estudo de maio disseram estar sofrendo de problemas para dormir neste período. Além disso, a palavra “insônia” foi mais pesquisada no Google em 2020 do que nos anos anteriores.

No segundo ano de pandemia e após meses de distanciamento social, segundo os cientistas, as pessoas apagaram os limites da vida profissional e pessoal e trouxeram incertezas para as vidas de todos.

Isso tudo trouxe consequências desastrosas para o sono, e a saúde e a produtividade podem enfrentar sérios problemas por causa disso.

Circunstâncias ‘quase bíblicas’

É difícil lidar com a insônia, seja em uma pandemia ou não. Ter problemas frequentes para adormecer ou ter um sono de má qualidade podem levar a impactos na saúde no longo prazo, incluindo obesidade, depressão, doenças cardiovasculares e diabetes.

O fato de tantas pessoas estarem atualmente com insônia tem, com certeza, a ver com as circunstâncias desafiadoras, “quase bíblicas”, da pandemia do novo coronavírus, que atingiu o mundo em cheio em 2020, afirma o psiquiatra e neurologista americano Steven Altchuler, especializado em medicina do sono.

“Se você está tendo insônia, não está sozinho. Grande parte do mundo também tem. É uma consequência de todas as mudanças que estamos vivendo por causa da Covid-19”, afirma Altchuler.

Trabalhar em casa confunde nossos limites

Diversos fatores foram responsáveis por essa queda na qualidade do sono. Primeiro, as rotinas diárias das pessoas foram interrompidas, e seus ambientes, alterados, tornando difícil manter o ritmo circadiano intacto.

Normalmente, de acordo com os especialistas, nossos dias seguem uma rotina de horários para acordar, se locomover de um lugar para o outro, fazer intervalos no trabalho e dormir. Mas a Covid-19 bagunçou tudo isso.

“Com o trabalho remoto perdemos muitos dos elementos externos que regulam nossa rotina, como as reuniões no escritório, o horário do ônibus, o intervalo para o almoço”, diz Altchuler, afirmando ainda que trabalhar em casa pode confundir certos limites. Atualmente, há muitas pessoas relatando trabalhar mais tempo ou em horários irregulares:

“Nossa tendência, agora, é ter limites muito menos claros entre casa e trabalho”, finaliza.


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