Período de chuvas alerta para problema já crônico de enchentes em Franca

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de janeiro de 2020 às 22:42
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:18
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Regiões mais baixas são as mais sujeitas a transbordamento de córregos em época de chuva

O comerciante Carlos Henrique de Oliveira trabalha há 20 anos na Avenida Hélio Palermo, em Franca, e já perdeu as contas de quantas vezes viu o córrego transbordar e a loja de motos ficar ameaçada pela chegada da água.

“Fechou o tempo, choveu na cabeceira a gente pode esperar. A preocupação é grande, tanto para bens materiais quanto para o ser humano, que já machucou, caiu no córrego. Isso todo ano acontece”, afirma.

A situação de Oliveira demonstra um problema crônico de quem vive nas regiões mais baixas da cidade, onde o volume de chuva se concentra e alaga as avenidas.

A Prefeitura de Franca informou que contratou uma empresa para elaborar um projeto de alargamento e aprofundamento do Córrego Cubatão, na Avenida Doutor Ismael Alonso y Alonso, sob o viaduto de acesso à Avenida Major Nicácio.

“A contratação tem como finalidade a ampliação de seção de trecho do canal existente, para melhoria das condições de escoamento de água. Este processo está em fase de estudos”, informou.

A administração municipal também promete ampliar as áreas permeáveis, para reduzir o fluxo de água, por meio de iniciativas como a exigência de calçadas verdes em novas construções.

“Além disso, a Prefeitura de Franca exige a implantação de bacia de contenção para as edificações com área impermeabilizada superior a 500 metros quadrados de construção”, comunicou.

Problema crônico

O problema dos moradores é antigo. Franca é formada por três colinas, onde estão os bairros Estação, Centro e Santa Cruz. 

Entre essas áreas, no entanto, ficam duas regiões mais baixas por onde passam os córregos dos Bagres e Cubatão.

As precipitações deste ano, com o janeiro mais chuvoso desde 2016, expõem a incapacidade de escoamento pluvial no município. 

No último dia 12, as principais avenidas ficaram alagadas.

Na Avenida Hélio Palremo, o córrego transbordou. Na Avenida Doutor Ismael Alonso y Alonso, a água subiu tão rápido que um motorista precisou abandonar o carro e saiu no meio da enchente.

O transtorno voltou a se repetir na última segunda-feira, 20. O volume de água no Córrego dos Bagres foi tão elevado que uma onda atingiu uma ponte para passagem de pedestres.

​Quem trabalha ou mora na região não sabe o que fazer. 

A operadora de caixa Crislaine Leão conta que, toda vez que chove, a Avenida Hélio Palermo fica alagada e os motoristas recorrem ao estacionamento de uma churrascaria para tentar escapar.

“Dá medo. A ponte sempre cede e os carros começam a atravessar por dentro do estacionamento. A gente fica bastante preocupado com os clientes que estão aqui almoçando, porque eles querem passar por dentro pra se livrar da ponte, porque fica inviável passar”, afirma.

Prejuízos

Em fevereiro do ano passado, os estragos foram ainda maiores após uma chuva de quase duas horas. 

A água invadiu o prédio de uma universidade e várias lojas. Além disso, carros foram arrastados pela enxurrada.

Um deles foi o da vendedora Gabriela Heto, que estava estacionado na Avenida Antônio Barbosa Filho. Depois disso, ela nunca mais parou o veículo no local.

“A gente estava trabalhando, de repente começou uma chuva muito forte e começou já a alagar tudo aqui e foi de uma hora pra outra. A hora que a gente viu a ponte já estava completamente coberta de água, meu carro estava do outro lado, não teve nem tempo de a gente pensar em tirar os carros para não tomar um prejuízo que a gente acabou tomando”, lembra.

Ela conta que o carro foi levado por cerca de um quilômetro e ficou encoberto de água. “Meu carro ficou mais de quatro meses pra arrumar, o motor não é mais o mesmo, falha”, diz.

Fonte: EPTV 2


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