Papa Francisco retoma canonizações na Igreja Católica mesmo em meio à pandemia

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 2 de maio de 2021 às 16:00
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Papa Francisco retoma canonizações na Igreja Católica depois de um ano sem consagrações por conta da pandemia. Conheça os novos santos!

papa francisco

Papa Francisco é o maior responsável por consagrações de santos na história do catolicismo

 

Papa Francisco retoma as canonizações na Igreja Católica, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus.

Impulsionados por João Paulo II (1920-2005), os processos de canonização cresceram ainda mais com o papa Francisco no comando da Igreja Católica.

O atual pontífice é o maior responsável por consagrações de santos na história do catolicismo, com 45% das canonizações.

De março de 2013, quando se tornou papa, até outubro de 2019, na celebração da última missa de canonização, o argentino consagrou aos altares a incrível marca de 897 santos.

O ano de 2020 foi um raro momento dos tempos modernos em que o Vaticano não reconheceu nenhum novo santo.

Nesta segunda-feira (3), haverá um consistório em que será anunciada a data para a retomada da consagração de santos.

Sete religiosos serão canonizados: o oficial das Forças Armadas, explorador, geógrafo, linguista e eremita francês Charles de Foucauld (1858-1916); o oficial da corte indiano Devasahayam Pillai (1712-1752), que assumiu o nome cristão de Lázaro; o padre francês Cesar de Bus (1544-1607); os padres italianos Luigi Palazzolo (1827-1886) e Giustino Russolillo (1891-1955); e as religiosas italianas Maria Domenica Mantovani (1862-1934) e Maria Francesca de Jesus (1844-1904), cujo nome de batismo era Anna Maria Rubatto.

Consistório é o nome que se dá para a reunião de cardeais, convocada e presidida pelo papa.

No caso do encontro agendado para esta segunda-feira, trata-se de um consistório ordinário, ou seja, embora todos os purpurados sejam convidados, espera-se a presença apenas daqueles que estejam em Roma ou arredores.

Voz do povo tem força nas canonizações

Em 28 de novembro, quando ocorreu o último consistório realizado para a nomeação de novos cardeais, houve ausências por conta da situação sanitária.

“Geralmente os que não podem comparecer justificam a ausência. Mas nesse último, pela primeira vez, alguns participaram por videoconferência”, explica o vaticanista Filipe Domingues, doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

Ele acredita que, dado o precedente aberto, eventualmente os consistórios a partir de agora possam permitir esse tipo de participação remota, em casos de necessidade.

“Mas a ideia dos cardeais presentes fisicamente em Roma é uma questão histórica e simbólica”, salienta ele, sobre o papel dos cardeais como conselheiros papais.

Já a celebração da canonização em si, cuja data será anunciada na segunda, realmente seria difícil de ocorrer com a pandemia fora de controle.

“Seria complicado, pelo próprio sentido da cerimônia”, explica a vaticanista Mirticeli Medeiros, pesquisadora de história do catolicismo da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

“Numa canonização, a pessoa recebe o título de ‘santa’ e seu culto é ‘estendido a toda a Igreja Universal’, para usar a linguagem técnica”.

“Não é um ato só da hierarquia católica, ao contrário do que se pensa. Os canonistas reiteram que além do processo em si, a ‘vox populi’, ou seja, a voz do povo de Deus, tem seu peso. O povo, que espalha a fama de santidade da pessoa, é parte fundamental desse processo”, afirma Medeiros.

Francisco, o fazedor de santos

Se em oito anos de papado Francisco já vai atingir a incrível marca de ter canonizado 904 nomes, considerando os apresentados nesta segunda, é preciso fazer uma ressalva que esse número só foi possível graças a canonizações coletivas, quando o papa reconhece como santos, de uma vez só, um grupo de grande de cristãos, geralmente martirizados.

E em maio de 2013, Francisco bateu o recorde absoluto de santos feitos de uma só vez, quando canonizou os 813 moradores da cidade de Otranto, no sul da Itália, que foram dizimados por otomanos em 14 de agosto de 1480.

A maior canonização coletiva da Igreja anterior a isso havia sido presidida por João Paulo II em outubro de 2000: na ocasião, foram santificados 120 mártires chineses.

A reportagem da CNN Brasil cruzou dados levantados pelo teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Júnior, chefe do departamento de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com informações da Congregação para as Causas dos Santos, organismo da Cúria Romana responsável pelos processos de canonização. Com os sete nomes a serem oficializados neste ano, a Igreja atingirá a marca de 2 mil santos.

Considerando aqueles cuja identidade é conhecida — o que nem sempre é possível nos casos desses grupos de mártires santificados em conjunto —, o levantamento mostra de 68% são de religiosos como padres, bispos, papas, monges, freiras etc.

E a preponderância é masculina: 78% dos eleitos para os altares católicos são homens.


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