Está trabalhando demais? Aprenda a colocar limite no home office!

  • Dayse Cruz
  • Publicado em 14 de julho de 2021 às 17:30
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Especialistas ensinam o que pode ser demandado do funcionário em trabalho remoto, e como driblar a sensação de estar trabalhando todo tempo

Com o home office na pandemia, tem sido normal trabalhar mais que o esperado

 

É possível que, desde que a empresa adotou o regime de home office, você tenha realizado alguma atividade de trabalho fora do horário.

Quem sabe respondido alguns e-mails, aproveitado o tempo livre para adiantar demandas, ou dado uma última checada naquela planilha antes de enviar para o chefe.

Exceções existem e são perfeitamente plausíveis no universo corporativo. Você provavelmente já teve que ficar, por algum motivo especial, algumas horas a mais no escritório.

O problema nasce quando a exceção começa a se tornar regra. E, para alguns funcionários, o home office acentuou esse fenômeno.

A falta de fronteiras entre a vida pessoal e o trabalho, que agora convivem no mesmo ambiente, tem levado as pessoas a trabalharem mais.

Uma pesquisa da Harvard Business School com 3,1 milhões de pessoas ao redor do mundo mostrou que, desde a instituição do home office no início da pandemia, a carga de trabalho dos funcionários aumentou, em média, 48,5 minutos.

O estudo também apontou um aumento no número de e-mails trocados e do tempo em reuniões.

Embora já tenha se passado pouco mais de um ano desde que as medidas de enfrentamento à pandemia de Covid-19 aumentaram a parcela de brasileiros que trabalham de casa, ainda estamos aprendendo a lidar com as funções remotas.

Liberdade de se desconectar

Essa mudança trouxe consigo, em muitos casos, a necessidade de se mostrar conectado e produtivo durante o expediente. O resultado? Um impacto significativo na saúde mental dos profissionais.

De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa runrun.it, 55% dos respondentes dizem estar com um nível de estresse moderado durante este período de trabalho remoto, e 29% apresentam níveis altos de estresse.

Ainda nesse sentido, 61% afirmam se sentir exaustos, sem energia física e/ou emocional, e 43% apontam que existe uma grande dificuldade em se desconectar depois de um dia de trabalho.

Em entrevista ao Metrópoles, Sirlene Ferreira, psicóloga com especialização em gestão de pessoas, defende que é necessário planejar o dia, manter uma rotina familiar alinhada e ter foco para cumprir as metas de entrega e estratégia, para que o home office não se torne um problema.

“Para muitas pessoas, pode não existir mais esse momento de interrupção, já que os lares e o trabalho convergiram em um mesmo ambiente. Por isso, é fundamental deixar isso bem claro no cotidiano, tanto pessoal quanto da família. Um microssistema que também existe naquele ambiente”, explica.

É necessário fazer compromissos também com quem se compartilha o lar, sempre buscando favorecer a harmonia da casa.

Além de você que trabalha, possivelmente também convive ali um cônjuge ou pais com suas próprias obrigações, e até filhos em idade de aprendizado, como explica a psicóloga.

Para quem está lutando com a rotina de trabalho em casa, a especialista listou quatro dicas fundamentais:

Compromissos com os outros: combine horários para que a família volte a vivenciar aquele momento em casa juntos, como um lar de fato.

Até que horas vamos ficar no computador? Todos podemos fazer as refeições no mesmo horário? Esses combinados vão fortalecer a desconexão profissional excessiva.

Compromissos consigo: estabeleça uma rotina de trabalho. Quando começar, pausas para refeições, e quando terminar.

Ao final, se policie para desligar o computador e deixe o celular e as demandas profissionais.

Esteja aberto também a abrir exceções. É possível que você precise dedicar tempo a mais em alguns momentos, esteja aberto a isso. Mas não torne essa demanda como rotina.

Faça pequenas pausas para manter o corpo em movimento. Faz bem para o corpo, e é importante para arejar a mente.

Amparo judicial

Do ponto de vista jurídico, o funcionário está amparado por uma legislação específica que regulamenta o teletrabalho: o Artigo 75-B da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Conforme estabelecido, existem limites.

O funcionário, mesmo trabalhando de forma remota, deve cumprir a jornada de trabalho contratual.

Além da obrigação do próprio funcionário, a empresa também precisa ter sua parcela de respeito aos horários e demandas exigidas do time.

“Do lado da empresa, o gestor não deve ficar remetendo e-mails ou mensagens fora do horário de trabalho. O contratado, por sua vez, precisa se resguardar, ao estabelecer uma rotina. O profissional deve ter direito a desconexão, ao desligar o computador quando termina o expediente”, elucida o advogado especializado em direito do trabalho Mourival Boaventura Ribeiro, sócio da Boaventura Ribeiro Advogados.

Caso exista um comportamento contínuo do funcionário em trabalhar fora do horário, identificado pela empresa, também é papel do gestor orientá-lo para que não insista nessa prática.

“O funcionário pode não fazer isso de má fé, mas a empresa deve adverti-lo sobre a importância de que as tarefas sejam executadas durante o expediente contratual”, explica o advogado.

Ser demandado de forma excessiva em formato de e-mails ou mensagens de WhatsApp exige uma conversa com o gestor, em um canal de diálogo aberto e cauteloso.

Caso não funcione e a demanda seja contínua, isso pode gerar questionamentos na Justiça do Trabalho.

*Informações Metrópoles

 


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