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Os países precisam ficar de olho na situação e estar preparados para mudar de direção se houver sinais de que é cedo para a reabertura
O britânico Adam Kucharski também chamou a atenção para distribuição desigual de doses de imunizantes entre os países
O matemático e epidemiologista britânico Adam Kucharski, uma referência nas análises sobre os rumos da pandemia no mundo, prevê que “a vacinação por si só provavelmente não consegue parar a variante delta”.
Em entrevista ao jornal O Globo, o professor da London School of Hygiene & Tropical Medicine, onde trabalha com análise matemática de surtos de doenças infecciosas, também chamou a atenção para distribuição desigual de doses de imunizantes entre os países.
“As vacinas que apareceram são melhores do que a gente podia imaginar, tanto em termos de eficácia quanto no número de opções”, disse.
“E é realmente chocante que possamos acabar tendo mais mortes depois de a vacina ser inventada do que antes. Isso é algo que provavelmente poucas pessoas imaginariam lá atrás se soubessem quão boas essas vacinas seriam”, completou.
Padrões
O epidemiologista explicou que a variante delta, primeiramente identificada na Índia, elevou os padrões do que os países precisam fazer.
E isso está além de vacinar em níveis muito elevados. Segundo ele, o mundo começará a vivenciar uma divisão entre os países que quiserem retomar uma vida mais normal e aqueles que manterão medidas restritivas.
Os primeiros, conforme Kucharski, deverão conviver com surtos de covid-19 como efeito colateral dessa decisão. Os demais, por outro lado, podem ter restrições por anos.
Perguntado sobre a situação do Brasil, que tem retomado as atividades em alguns estados e cidades mesmo com baixa cobertura vacinal, o britânico disse entender a dificuldade encontrada em “manter as restrições para sempre”.
No entanto, defende que os países tenham “flexibilidade na tomada de decisão”, porque a delta pode espalhar rapidamente mesmo em locais que vacinaram muito, como no Reino Unido e nos EUA.