Iniciativa do TJSP ajuda crianças a encontrar uma família para adoção

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 2 de novembro de 2018 às 15:54
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:08
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Projeto divulga a imagem e o perfil de crianças e adolescentes cadastradas nas varas da Infância e Juventude

Uma iniciativa do
Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) está ajudando a encontrar um lar para
crianças que tinham dificuldades de encontrar famílias interessadas na fila da
adoção.

O projeto “Adote um
boa-noite” divulga a imagem e o perfil de crianças e adolescentes cadastradas
nas varas da Infância e Juventude do estado e que até hoje não
tiveram nenhuma demonstração de intenção para serem adotados.

O juiz Iberê de Castro Dias, um dos responsáveis pelo projeto,
conta que em um ano já foram concluídos quatro processos de adoção e 17 estão
em andamento. Para ele, os números mostram que a inciativa tem dado certo. O
magistrado explica que o processo de adoção envolve diversas etapas, com prazos
estabelecidos em lei. “O processo de adoção para ser feito com todas as etapas,
com calma, como deve ser, demora mais de um ano”, afirma.

Esse tempo é
importante, de acordo com Dias, para garantir a adaptação entre a criança e a
família e evitar problemas no futuro. “Não adianta tentar apressar e depois, lá
na frente, a adoção dar errado. A gente tem que ter sempre muita
calma para diminuir o risco de dar errado”.

O projeto foi lançado como experiência piloto em duas varas da
Juventude da capital paulista, em Santo Amaro (zona sul) e Tatuapé (zona
leste). Com os resultados positivos, atualmente podem ser incluídas crianças
das mais de 300 varas de todo o estado. Os perfis são expostos na página da
iniciativa: www.adoteumboanoite.com.br
.

Critérios
de seleção

Para participar, os jovens têm que se enquadrar em uma série de
critérios, a começar pela falta de interessados em fazer adoção. Além disso,
tem que ter 8 anos ou mais, faixa com pouco interesse das famílias, e
passar por uma avaliação psicossocial. “Para que os psicólogos e assistentes
sociais entendam se essas crianças vão tomar a participação no projeto e a
exposição como algo positivo, se elas estão preparadas para isso”, ressalta o
juiz. As crianças com deficiência também têm preferência no projeto.

O magistrado diz que a ideia é colocar os jovens em uma posição
de sujeito de direitos. “As crianças ali não estão como coitadinhas, que estão
precisando de uma família. A ideia é dar visibilidade a elas como sujeito que
tem direito à convivência familiar, à educação e à cultura”.

Desde o começo da proposta, na fase piloto, até o momento atual
foram feitos alguns aperfeiçoamentos. Dias conta, por exemplo, que foi preciso
estabelecer critérios para lidar com o grande número de famílias interessadas.
“De zero interessados no Brasil, para algumas crianças aparecem dezenas de
interessados. A gente precisa fazer uma triagem dessa demanda”, comenta.

Um dos critérios para selecionar as famílias é a proximidade em
relação ao local onde o jovem vive. “Facilita muito a fase de adaptação. A
criança não precisa sair do seu ambiente de origem, continua no lugar onde ela
está acostumada”, acrescenta Dias.


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