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Cientistas encontraram forte sobreposição genética entre depressão e déficit de atenção
Estudo publicado na revista
“Science” na última quinta-feira, 21 de junho, mostra que transtornos
mentais diferentes, como depressão e déficit de atenção, dividem o mesmo grupo
de genes, e por isso, podem ter a mesma causa genética. O estudo faz parte do
projeto BrainStorm Consortium,
iniciativa de cientistas norte-americanos que tenta medir o peso que a genética
tem em distúrbios psiquiátricos.
A pesquisa envolveu pesquisadores dos Estados Unidos, do
Reino Unido, da Austrália e da Ásia e teve a coordenação de Ben Neale, do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). O primeiro autor foi Verneri
Anttila, que faz o pós-doutorado no MIT.
Para
chegar a essas conclusões, cientistas mediram a sobreposição de fatores de
risco genéticos de 25 distúrbios psiquiátricos e neurológicos. Foram analisados
dados de 215.683 pacientes e de 657.164 pessoas saudáveis (grupo-controle).
Também pesquisadores consideraram o quadro clínico e características de quase
1,2 milhões de indivíduos.
Além das similaridades genéticas,
foram feitas duas descobertas importantes:
1-A pesquisa reforça que pessoas com
pais com distúrbios psiquiátricos têm mais chances de desenvolver condições
similares;
2-Distúrbios psiquiátricos diferentes
estão relacionados a um mesmo conjunto de genes, mesmo que os sintomas se
apresentem de formas diferentes.
Autores
ressaltam que a descoberta mostra a necessidade do reconhecimento das
similaridades entre as condições para que novas estratégias de tratamento sejam
desenvolvidas.
Sobreposição genética entre diferentes
doenças
Os resultados do estudo
apontam que a sobreposição genética foi mais forte entre Transtorno de Déficit
de Atenção com Hiperatividade (TDAH), transtorno bipolar, depressões mais
graves e esquizofrenia.
Os dados também indicaram forte sobreposição genética
entre anorexia nervosa e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), bem como entre
TOC e síndrome de Tourette.
Entre os
distúrbios neurológicos, houve fraca sobreposição de genes. Dados do estudo
mostram que a doença de Parkinson, a doença de Alzheimer, a epilepsia e a
esclerose múltipla, mostraram pouca ou nenhuma correlação genética entre si e
com outros distúrbios cerebrais.
Cientistas
dizem ser necessário uma maior quantidade de dados para analisar ainda qual o
impacto da similaridade genética entre as diferentes condições.
Eles
acreditam, no entanto, que a sobreposição de genes agora apresentada exerce uma
forte pressão sobre as fronteiras clínicas estabelecidas entre os distúrbios
mentais.