Campanha da USP incentiva doação de dente de leite para pesquisas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de maio de 2019 às 19:06
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:32
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‘O Endereço da Fada do Dente’ vai ajudar em estudos sobre células-tronco e novos tratamentos contra cáries

Dentes, sejam eles de leite, permanentes,
restaurados, sadios ou até mesmo cariados, são muito valiosos e podem ser
doados para ensino e estudos científicos.

A Faculdade de Odontologia da USP (FOUSP), que já
tem um banco de dentes, quer aumentar o número de doações com a campanha O
Endereço da Fada do Dente, lançada recentemente para atender o Brasil todo.

A ideia é estimular o comportamento em relação aos
dentes de leite, criando uma cultura de doação desde cedo nas crianças. Jogar o
dente no telhado, deixá-lo debaixo do travesseiro para a fada recolhê-lo não
deve ser mais opção: os dentes, que são órgãos, devem ser doados.

E agora o endereço da fada, antes um segredo bem
guardado, está revelado. “É simples, fácil e de graça”, destaca a
campanha.

Apesar de a campanha da FOUSP ser voltada às
crianças, no banco não há apenas dentes de leite. “Nós necessitamos também de
dentes permanentes. Eles são relativamente mais difíceis de obter, porque
ficamos na dependência de um fracasso na odontologia para que se extraia um
dente e se possa usá-lo”, explica José Carlos Imparato, coordenador do BioBanco
de Dentes da FOUSP, em entrevista à GALILEU.

O pesquisador conta que, devido à falta de doações
ou ainda à ausência de bancos especializados, as faculdades recorrem a dentes
artificiais para os estudos. “Para a pesquisa isso é muito complicado, pois se
precisa de um dente com a estrutura exata que ele tem. Mas existem pesquisas
com dentes de animais, especialmente com dentes de bovinos”, afirmou.

Segundo Imparato, os dentes do siso, que são extraídos pela
maioria das pessoas, são os permanentes mais recebidos no banco da FOUSP.

Quando as doações chegam, eles são armazenados em água em
geladeiras. Depois, são avaliados para saber como podem ser aproveitados. “As
pessoas acham que um dente restaurado ou um dente cariado não serve para a
gente, mas para nós todos servem: nós podemos fazer capacitação e pesquisa com
dentes cariados para se saber como melhor se remove o tecido cariado. Hoje já
não se remove mais esse tecido como se removia antigamente”, explica o
pesquisador, que acrescenta que outra linha de estudos com as doações está
voltada às células-tronco.

Independentemente do tempo, mesmo se estão guardados há anos, os
dentes também podem ser doados para a avaliação, segundo Imparato. Mas, se o
dente é recente — por exemplo, um dente de leite que acabou de cair da
boca de uma criança enquanto brincava em casa —, a recomendação é lavá-lo com
água e sabão antes de entregá-lo para doação.

Para se inscrever
para doar, basta acessar o site www.enderecodafadadodente.com.br e
preencher um formulário.

Após o cadastro, os futuros doadores recebem em casa uma
carta-envelope, já selada (ou seja, não há custo para o envio), pronta para a
doação dos dentes. A própria carta contém um termo de autorização obrigatório,
que deve ser assinado por um adulto responsável.

Para incentivar os
pequenos, o site da campanha tem ainda à disposição um livro ilustrado com uma
historinha que explica todo o processo e a sua importância para a ciência. O
download é gratuito.


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