Pesquisa brasileira revela mitos sobre cuidados com a saúde infantil

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de maio de 2018 às 23:04
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:42
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Resultados servem para alertar os pais sobre o que é verdadeiro sobre doenças, prevenção e cuidados

Mães e pais de crianças de
0 a 2 anos não estão tão informados assim sobre saúde infantil. Esta é a
conclusão da pesquisa Doenças
infectocontagiosas nos 2 primeiros anos de vida: mitos e temores da família
brasileira
, realizada pelo IBOPE Conecta e patrocinada pelo
laboratório Pfizer.

Os resultados compilam as
respostas de 1000 entrevistas feitas online em diversas regiões do país (50% no
Sudeste, por questões populacionais), com genitores (60% mães e 40% pais) de diversas
classes sociais; a maioria na faixa dos 30 anos.

O resultado que mais
chamou a atenção tem a ver com o que os médicos chamam de “mito do sereno”: 63%
dos entrevistados acreditam que as intempéries são, de longe, o fator que mais
expõe a criança a infecções. “Existem algumas condições climáticas, como frio e
ar seco, que ressecam as vias aéreas e fazem com que elas fiquem mais propensas
a multiplicação de agentes infecciosos, como os vírus. Mas sereno não causa a
doença, nem o frio do Pólo Norte, nem o ‘golpe de ar’. Precisa ter o agente.
Por isso chamamos de mito”, explica o pediatra Renato Kfouri.

Confira alguns resultados:

– O que mais expõe a criança a infecções?
63% acreditam que é sereno, vento e chuva
56% entendem que é frequentar berçário e creche
53% acham que é frequentar locais fechados como shoppings
29% responderam que é morar em regiões de clima frio

– 15% concordam total ou parcialmente com a
afirmação de que as doenças da infância são inofensivas ou até uma forma de
imunizar o indivíduo.

– Quais são as doenças mais temidas pelos pais?

72% meningite 

59% pneumonia
49% dengue
37% rubéola
34% coqueluche

27% sarampo

Os pais, que tanto temem a meningite,
subestimam a rigidez de nuca como um dos sintomas da doença – a febre é mais
citada.

Equívocos como esse,
revelados pela pesquisa, serviram de base para a campanha #MaisQueUmPalpite,
lançada neste mês pela Sociedade Brasileira de Pediatria. A ideia é comunicar
que mães e pais devem procurar a informação científica, não a da internet, nem
a dos palpiteiros de plantão – que nunca faltam. “Sentimos que há perda
de confiança do pediatra. Os pais buscam no Google antes, ou ouvem os
palpiteiros, que são sempre bem intencionados, mas não possuem informações
fundamentadas”, diz Kfouri. “Trabalhamos com evidências científicas”, completa
Clóvis Francisco Constantino, primeiro vice-presidente da SBP, lembrando que a
instituição tem 39 mil pediatras com título de especialista, e que a
preocupação básica da pediatria é o crescimento e desenvolvimento da criança.
“Nossa missão é fazer com que esse período ocorra de maneira segura, desde que
ela nasce”, explica.

As ações da campanha contam com
postagens em redes sociais (Instagram e Facebook) seja de alertas, seja de
vídeos com entrevistas curtas, em que um pediatra da SBP esclarece uma dúvida
levantada por um(a) influencer – o primeiro deles a ir ao ar é de Kfouri com a
atriz Thais Fersoza e também traz o boneco Palpitinho, criado para fazer as
vezes do palpiteiro, que sempre aparece com ideias equivocadas sobre assuntos
de saúde infantil.

A vacina foi outro ponto explorado nas
entrevistas. Os resultados mostram que os pais entendem a importância da
imunização, mas têm uma leve queda a acreditar em mitos relacionados às vacinas,
os mesmos que são usados pelos adeptos dos movimentos anti-vacinação.

– Vacina é importante?
94% acham que é muito importante
6% consideram importante
1% diz que é pouco importante

– A vacina causa a doença que procura
evitar?

53% acham que é mito
21% acreditam na afirmação
26% não sabem responder

– As vacinas são seguras?
37% concordam parcialmente

– Vacinas causam efeitos colaterais
graves?

27% acham que é verdade.


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