No Twitter, a publicação de Gersínio viralizou e mais de 130 mil pessoas curtiram o tuíte. Várias delas queriam ajudar a localizar Vagner.
Até um detetive particular ofereceu seus serviços. A mobilização de Gersínio chegou a outro entregador, que também costuma alugar bicicleta no Largo da Batata. Ele conhecia o Vagner e fez a ponte entre o cliente e o entregador.
O DDD 77 indicava que Vagner era baiano, assim como Gersínio. De Salvador, ele chegou em São Paulo há 8 anos, após passar em um concurso do Tribunal Regional do Trabalho.
Mensagem
Gersínio mandou uma mensagem na quarta-feira (2). Ele queria encontrar Vagner. “Você é o Vagner? Sou o cara que você fez a entrega ontem. Posso te ligar?”
Vagner nasceu no povoado baiano de Pedra Branca, no município de Vitória da Conquista. Ele tinha 6 anos quando sua mãe morreu.
Desde então, passou a viver um pouco na casa de tias, de madrinhas e do pai. Com 15 anos, decidiu deixar o interior da Bahia em busca de oportunidades na capital paulista, onde contou com a ajuda de dois irmãos que já moravam na cidade.
Quando Gersínio entrou em contato, Vagner desconfiou. “No mundo de hoje, para você acreditar em alguém que você nunca viu na vida… Mas ele é um tipo de pessoa que está faltando muito no mundo.”
“Não sei, mano”
O encontro ocorreu no Largo da Batata, perto das bicicletas de aluguel. Gersínio explicou que queria ajudar o entregador. Vagner quis entender o porquê. “Eu não sei, mano, eu achei que teria que te ajudar”, respondeu Gersínio.
Gersínio ofereceu uma carona até a casa de Vagner, um imóvel de dois cômodos em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, cujo aluguel sai por R$ 500, dividido com um amigo.
Depois de ver a repercussão da história de Vagner no seu Twitter, Gersínio propôs uma vaquinha virtual para que o entregador pudesse ganhar uma motocicleta.
A meta estabelecida na plataforma do site Razões para Acreditar era de R$ 20 mil. Até este sábado (5), quase R$ 30 mil já tinham sido arrecadados.
Vida nova
Com o dinheiro, ele pretende tirar a habilitação de carro e moto e comprar a moto para trabalhar.
Sem precisar alugar a bicicleta, Vagner contou que poderá fazer as entregas a qualquer hora do dia ou da madrugada, e juntar dinheiro para ajudar o pai, que mora na Bahia.
Os próximos encontros com Gersínio, diferentemente da primeira conversa, devem levar mais de um minuto. “Um cara diferente, sim. A gente até marcou pra tomar umas quando tudo isso passar.”