Plano de Armínio Fraga é a saída emergencial para crise, segundo o Sebrae

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de março de 2020 às 14:13
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:32
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Setor de restaurantes e bares de Brasília já dispensou quatro mil trabalhadores; Sebrae teme crise

Só em Brasília, bares e restaurantes já demitiram 4 mil trabalhadores

​Com a missão de dar apoio e estímulo ao desenvolvimento de pequenas e médias empresas, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) se vê diante de um cenário  arrasador com os efeitos econômicos da pandemia de coronavírus.

“Quem segura o emprego é esse setor. Se não tiver ajuda imediata, que é injeção direta de capital, de dinheiro, as empresas vão quebrar rápido”, afirma Valdir Oliveira, superintendente do Sebrae no DF.

Segundo ele, o cabo de guerra político em torno da crise está atrapalhando as soluções.

“Está tudo errado. Temos de parar de politizar, ideologizar a crise. Não é hora de o presidente Bolsonaro tensionar, é hora de ele agir para conciliar. 

“Mas também não está certo aproveitarem essa crise para fragilizar a Presidência. É hora da união de todos, senão o Brasil vai implodir.”

Na semana em que o Sindicato de Bares e Restaurantes do Distrito Federal anuncia a demissão de 4 mil empregados do setor, o Sebrae faz uma projeção de que esses números vão piorar na capital federal.

O superintendente regional reforça o coro em defesa das medidas apontados pelos ex-dirigente do Banco Central, Armínio Fraga. 

O economista sugere que, além de incluir mais 1,3 milhão de famílias no Bolsa Família, o governo crie rapidamente um programa de renda mínima que beneficie, no total, até 100 milhões de brasileiros, pouco menos da metade da população do país.

Armínio aponta que serão necessários cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 300 bilhões para custear as despesas necessárias para enfrentar os efeitos negativos na economia. O dinheiro pode vir da emissão de títulos públicos.

Em artigo publicado esta semana na Folha de S.Paulo, o ex-presidente do Banco Central defende um conjunto de medidas para evitar que micro, pequenas e médias empresas (PMEs) fechem as portas.

Assinado em conjunto com os economistas Vinícius Carrasco e José Alexandre Scheinkman, o texto propõe a liberação de R$ 120 bilhões em recursos do Tesouro para assegurar que as PMEs paguem os salários de seus funcionários por pelo menos quatro meses.

“Circunstâncias extraordinárias requerem atuação extraordinária”, afirmam os três economistas. “É do que precisamos neste momento”, reafirma Oliveira .

SOS pequenos negócios

O Sebrae lançou uma campanha para ajudar a salvar os pequenos e médios comerciantes da capital, incentivando a população a comprar nos pequenos estabelecimentos perto de casa.

“O remédio para essa crise é a solidariedade. Primeiro precisamos resguardar vidas e em segundo socorrer as empresas para salvar os empregos. Salvar a pequena farmácia, a padaria, mercadinho”, diz Oliveira.

No Brasil existem 6,4 milhões de estabelecimentos. Desse total, 99% são micro e pequenas empresas (MPE). As MPEs respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado (16,1 milhões).


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