compartilhar no whatsapp
compartilhar no telegram
compartilhar no facebook
compartilhar no linkedin
Entre uma parada e outra nos lugares mais lindos da terra acessados pelo mar, estarei confabulando sobre o que vejo, sinto e aprendo nessa fantástica volta ao mundo à vela com vocês, nessa coluna.
Antes de ter o veleiro Aleluiah, fiz vários cursos de vela oceânica em Ilha Bela, com o capitão André Magalhães Homem de Mello, um dos melhores e mais destemidos velejadores do mundo. Além de ser um cara bacana demais. Amigo do coração.
Me lancei ao mar com o Aleluiah há quatro anos atrás. A saída e a preparação final foram feitas em Fort Lauderdale, Flórida, Estados Unidos.
Local escolhido estrategicamente para a compra do barco. Lá temos a maior quantidade e variedade de barcos do mundo. E aperfeiçoar o inglês, fundamental para a comunicação via rádio pelo mundo afora.
O Aleluiah, um Hylas de 49′, 15 metros, é acima de tudo uma barco seguro, considerado o melhor barco para ondas grandes e mares turbulentos. Robusto. E de tão perfeito o seu projeto, não mexem em nada nele há 26 anos.
Projetado pela dupla de projetista mais premiada no mundo náutico, Sparkman & Stephens.
Ali permaneci por um ano e meio aprendendo a lidar com os elementos da natureza, e a entender como essa máquina complexa, que é o veleiro Aleluiah, funciona e se comporta em alto mar.
Fazia viagens constantes ao sul da Flórida, Key West e Bahamas.
Aos poucos fomos nos entendendo e criando uma bela amizade.
Ainda não aprendi tudo, mas o suficiente para me garantir sozinho a bordo desse inseparável melhor amigo, o Veleiro Aleluiah.
Eu cuido dele e ele cuida de mim.
Sim, ele cuida muuitoo de mim, me abriga, me dá conforto necessário e me conduz por esse marzão sem fim, de belezas que a cada dia me surpreende e ensina mais.
São ilhas paradisíacas, na sua maioria desabitada, povos de culturas muito diferentes da nossa, sabores, cheiros e jeitos que me encanto por cada canto que passo.
Desde a partida na charmosa ilha Hendricks Isle, onde deixei grandes amigos. Essa é uma das melhores partes de se velejar: os amigos que fazemos nas marinas, sempre pessoas do bem, dispostas a ajudar no que for. Como diz meu amigo Loyd, que mora na marina de Marathon, ao sul da Flórida: Only first class people.
Não é só alegria e vida boa, meus amigos. Muito trabalho e consertos fazem parte dessa jornada.
Mas vamos focar só nas coisas boas e belas.
Agora me encontro nas Ilhas Britânicas Virgens, um paraíso formado por várias ilhas de uma beleza descomunal. Sem duvida, um dos melhores locais do mundo para se velejar e praticar mergulhos autônomos.
A vida marinha é muito preservada e abundante. Para se ter uma ideia, é proibido ancorar nas praias para não comprometer o fundo de corais. Só podemos apoitar (amarrar o barco direto em boias presas ao fundo do mar) nas poitas feitas pelo governo.
Se a Polícia Marítima pegar alguém com a âncora na água, a multa é altíssima.
O legal é que todos respeitam e têm a consciência de que temos que preservar nosso meio ambiente.
Há um grande respeito também pelo alheio. Ninguém mexe em nada de ninguém.
Barcos dormem abertos… A segurança é total.
A moeda é o dólar americano, a língua oficial o inglês. As ilhas estão sob proteção e governo da rainha da Inglaterra.
E isso dá um orgulho danado em toda população, predominantemente descendentes de escravos, que herdaram um belo paraíso, e o preservam e o governam com espantosa competência.
Crianças todas uniformizadas na escola, índice zero de evasão escolar.
Bonito demais de se ver.
E nosso Brasil, será que chega lá minha gente?
O melhor de se morar em um veleiro é ter a liberdade de partir para onde quiser e quando quiser, junto com sua casa e toda a tranqueira que juntamos a bordo…. rs…Isso é fantástico.
Melhor que isso é o combustível de graça: só preciso de vento.
Velejar é uma filosofia de vida, uma religião, uma paixão…
Sem dúvida, a melhor forma de se viajar e conhecer os mais distantes, inacessíveis e preservados locais desse fantástico Planeta Terra.
Bons ventos a todos, e até a próxima.