USP de Ribeirão testa pomada que pode ajudar a tratar câncer de pele

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 2 de abril de 2018 às 13:01
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:39
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Tratamento tópico promete ser menos agressivo e mais eficaz que a quimioterapia convencional

Pesquisadores da USP em
Ribeirão Preto desenvolveram um tratamento tópico de combate ao câncer de pele
que utiliza nanopartículas de quimioterápicos associadas a choques elétricos de
baixíssima intensidade.

Além de proporcionar uma
absorção maior do medicamento na pele, a nova técnica permite que a substância
se concentre na região que precisa ser tratada e não se espalhe pela corrente
sanguínea, como ocorre com a quimioterapia convencional.

Atualmente, a medicina já
utiliza a chamada quimioterapia tópica, em que o remédio é aplicado na forma de
creme ou pomada. Entretanto, a pesquisadora Renata Vianna Lopez afirma que o
novo tratamento promete ser menos agressivo e mais eficaz. “É um tratamento não
invasivo, porque não estou injetando nada no paciente. A aplicação subcutânea
deveria ser muito melhor, mas não foi nesse caso, porque melhoramos a
formulação e o método de aplicação”, explica Renata Vianna Lopez, que é
professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas.

Renata diz que o maior desafio
da pesquisa foi encontrar uma alternativa para o fármaco atravessar o estrato
córneo – camada superficial da pele composta basicamente de células mortas e
que impede a entrada de qualquer substância – para chegar às células tumorais.

Na primeira etapa, os
pesquisadores da faculdade de ciências farmacêuticas colocaram o quimioterápico
“5-Fluorouracil”, que causa irritação em contato com a pele, em nanocápsulas,
estruturas microscópicas capazes de ultrapassar o estrato córneo.

As nanopartículas ainda
receberam um anticorpo direcionado ao tumor: o cetuximab. Isso faz com que as
células doentes não entendam que se trata de um remédio e passem a capturar
essa substância, o que torna o tratamento mais direcionado.

Para facilitar ainda mais a
penetração do fármaco desenvolvido em laboratório, os pesquisadores utilizaram
choques elétricos de baixa intensidade: a iontoforese, que não causa dor e
provoca apenas um formigamento sobre a pele. “Se eu associo tudo isso com um
sistema de liberação, no caso a iontoforese, consigo colocar alguns desses
sistemas de liberação dentro da pele, porque a nanopartícula é pequenininha,
mas não entra na pele sozinha”, diz Renata.

O novo tratamento ainda não
foi testado em humanos, apenas em camundongos. Parte dos roedores recebeu o
remédio por meio de injeção subcutânea – como na quimioterapia convencional – e
os demais por aplicação tópica associada à iontoforese. “O tratamento diminuiu
muito mais o tamanho do tumor, do que a injeção subcutânea. Se você pensar que,
na aplicação subcutânea está injetando no local, é uma surpresa essa técnica
ter sido melhor, porque não é invasiva”, completa.


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