Unifran e Instituto Chico Mendes vão soltar loba-guará na Serra da Canastra

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de setembro de 2017 às 10:27
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:21
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Loba-guará será solta nas imediações do Parque da Serra da Canastra, em Minas Gerais

​Na última segunda-feira (11), comemorou-se o Dia Nacional do Cerrado. A conservação do bioma, considerado o berço das águas, é estratégica para  manutenção de rica diversidade. 

Possui grandes reservas subterrâneas de água doce que abastecem importates bacias hidrográficas, geram  energia e contribuem para a produção agrícola e o bem estar das pessoas. Apesar disso, o Cerrado sofre com sérias ameaças.

Uma delas refere-se ao animal símbolo do bioma: o lobo-guará. Ele está na lista das espécies em risco de extinção. 

Os pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) trabalham para melhorar a conservação do animal, que sofre com o avanço da pecuária, com a plantação da cana, milho e soja. 

E o trabalho do ICMBio, realizado com outros parceiros, tem produzido resultados positivos.

Soltura

RCP 5227

Em novembro, os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), em conjunto com o Instituto Pró-Carnívoros e a Universidade de Franca – Unifran, vão soltar uma loba-guará na natureza nas imediações do Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais. 

Depois de solta, ela também será monitorada para se conhecer melhor sobre seus hábitos durante o período de adaptação à nova vida. O analista ambiental Rogério Cunha de Paula, do Cenap, conta que uma outra loba monitorada por coleira acabou de ter filhotes, cujo desenvolvimento será acompanhado de longe pelos pesquisadores

Hoje, a loba está em um cativeiro em uma área natural aos pés da Serra da Canastra. Neste espaço, o mamífero recebe comida e é acompanhado pelos pesquisadores. Além disso, desperta a atenção de lobos-guará que rondam o espaço do cativeiro na área natural. 

O animal foi resgatado ainda filhote depois que os pais desapareceram em meio a uma queimada em um canavial no interior de São Paulo em agosto do ano passado. Os pesquisadores querem replicar essa experiência de reabilitar filhotes em cativeiros naturais para depois soltá-lo na natureza.

Programa

Os pesquisadores do ICMBio, em parceria com outros órgãos, desenvolvem várias ações para a conservação do lobo-guará. Em 2004, 10 instituições moldaram a base para o Programa de Conservação do Lobo-Guará, conduzido pelo Cenap e Instituto Pró-Carnívoros. Eles levantam informações sobre a estimativa populacional, dispersão de jovens, saúde, genética, comportamentos e dieta.

Juntos, executam ainda ações de educação ambiental e implementam estratégias práticas de conservação como a construção de galinheiros para prevenir os ataques de lobos e outros carnívoros à criação doméstica. O programa é considerado um exemplo mundial de sucesso de conservação de uma espécie ameaçada pelos impactos positivos na ciência e conservação. 

Pelas ações executadas com o lobo-guará, em 2012, o pesquisador Rogério Cunha de Paula foi um dos 40 profissionais da conservação no mundo selecionados ao título de “Herói da Vida Selvagem” em uma publicação norte-americana (wildlifeheroes.org).

Unidades de conservação

Outra ação importante na proteção do Cerrado são as unidades de conservação, como o Parque Nacional de Brasília, no DF, e o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Góias. No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, Veadeiros foi ampliado de 65 mil hectares para 240 mil hectares, ou seja, quase quatro vezes o seu tamanho atual, por decreto assinado pelo presidente da República. Isso assegurou o título de Patrimônio Mundial dada pela Unesco ao parque goiano.

Além de Alto Paraíso, Cavalcante e Colinas do Sul, que já eram abrangidos pelo parque, os novos limites incluem parte dos municípios de Teresina de Goiás, Nova Roma e São João da Aliança, formando com outras áreas protegidas da região – APA estadual do Pouso Alto e 22 reservas particulares do patrimônio natural (RPPNs) – e mais o território quilombola Kalunga um vasto mosaico de unidades de conservação. 

O parque é refúgio de espécies ameaçadas de extinção ou endêmicas (só existem no local), como o cervo-do-Pantanal, lobo-guará, pato-mergulhão e a onça-pintada, maior mamífero carnívoro da América do Sul.


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