Unicamp descobre como deixar células saudáveis no envelhecimento

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 16 de dezembro de 2018 às 12:24
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:14
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Medicamento usado na pesquisa é um agente antimicrobiano utilizado para tratar infecção urinária em humanos

Mais saúde na velhice. O
Laboratório de Biologia do Envelhecimento, do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp,
em Campinas, descobriu uma droga capaz de aumentar a vitalidade das células de
vermes, interferindo tanto no tempo quanto na qualidade da vida deste ser vivo.

O estudo foi publicado no periódico internacional Redox Biology.
O medicamento que apresentou o avanço nas pesquisas, iniciadas há cinco anos
com colaboração nacional e internacional, é o enoxacino. Um agente
antimicrobiano já usado para tratar infecções urinárias em humanos.

Os
vermes Caenorhabditis elegans – medem no máximo 1 mm e são frequentemente
usados em estudos sobre envelhecimento por terem um ciclo de vida de até 30
dias – viveram 18% a mais com a droga, se comparado aos que não foram
submetidos à substância.

Como a droga age

Marcelo Mori, coordenador do estudo, explica que o diferencial está no impacto da droga nas
moléculas reguladoras microRNAs, presentes no genoma de uma diversidade de
organismos, de plantas até animais.

Entre
os males causados pela inibição dessas moléculas, estão: diabetes, doenças
vasculares e processos inflamatórios associados a doenças crônicas.

Nos
vermes, foi visível a preservação da capacidade motora na velhice desses
animais que usaram a droga.

Os pesquisadores concluíram
que a via por meio dos microRNAs é chave no controle do processo de
envelhecimento baseado em dados de associação genética. O estudo já está sendo
feito também em camundongos. “A gente tem dados positivos contra doenças
metabólicas. É bem possível que a droga tenha um comportamento positivo em
mamíferos maiores”, acredita Marcelo Mori. 

Princípio ativo em nova droga

Por ser um antibiótico, Mori afirma que, com a descoberta, os
pesquisadores estudam uma maneira de usar o princípio ativo para desenvolver
uma nova medicação, sem efeitos colaterais.

Atualmente,
o enoxacino atua em duas frentes: na bactéria a ser combatida, e diretamente
nas células, reduzindo a sua degeneração.

Outra droga que vem sendo
estudada com efeitos pró-longevidade é a metformina, mas ela apresenta uma ação
diferente nas células. Altera o metabolismo, mas sem os efeitos nos microRNAs. “Como
atuam por vias diferentes, pode ser que elas sejam aditivas, é uma
possibilidade”, avalia Mori.


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