Uma em cada três cidades paulistas tem aumento na mortalidade infantil

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 28 de julho de 2018 às 19:35
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:54
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Tendência de alta é observada em todo o território nacional e se repetiu em 204 das 645 cidades de SP

A morte de crianças voltou
a ser um problema. Um terço dos municípios paulistas registrou crescimento na
taxa de mortalidade infantil em 2016, ano em que o Estado e o País viram
o indicador aumentar pela primeira vez após 25 anos em queda.

Levantamento do Estado no
Sistema Datasus, base de dados do Ministério da Saúde, mostra que a tendência
de alta observada em território nacional se repetiu em 204 das 645 cidades do
Estado onde estão os principais hospitais de referência do País.

Entre as cidades com alta
está Sorocaba com avanço da taxa de 10,3 para 10,5 óbitos por cada mil
bebês nascidos vivos.

Retrocesso

Segundo os dados do
ministério, a taxa de óbito passou de 10,8 em 2015 para 11,1 em 2016, último
dado disponível. Apesar da alta, o índice paulista segue abaixo do nacional,
que passou de 13,3 para 14 no mesmo período. “Existem dois pilares na
determinação da mortalidade infantil: as condições de vida da população e a
organização do sistema de saúde. “As condições de vida pioraram mesmo nos
últimos anos, mas temos de olhar para a desintegração dos serviços de saúde,
com problemas desde a organização das equipes de assistência à mulher e à
criança até os diferentes níveis de atenção, como o hospitalar, o
ambulatorial”, destaca Maria Albertina Santiago Rego, membro da Sociedade
Brasileira de Pediatria e professora da Universidade Federal de Minas (UFMG).

Ainda há diferenças nos dados de São
Paulo e do Brasil, quando analisadas as causas das mortes. No cenário nacional
as taxas de óbitos por doenças infecciosas e dos aparelhos digestivo e
circulatório foram as que tiveram os maiores aumentos (7,5%, 17,2% e 17,7%). Em
São Paulo, doenças do sangue – como anemias – e respiratórias foram as que
tiveram a maior alta no número de mortes de crianças de até 1 ano (68,6% e
11,6%). 

Presidente do Conselho de Secretários
Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, Carmino Antonio de Souza observa
que um dos desafios é conter as mortes por questões respiratórias, sobretudo
nos meses frios.

Outra questão é
estrutural. “A maioria dos municípios é pequena, e não teria condições de ter
maternidades, com serviços de neonatalogia adequados, UTI neonatais”. “Os
municípios como os de Campinas e outros grandes acabam referenciando os partos
de municípios que são da região”, explica ele, secretário municipal da Saúde em
Campinas. Por isso, cidades de grande porte e com alto Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) fazem parte da lista de avanço da mortalidade,
incluindo a própria Campinas, São Paulo, Santos e Sorocaba.

A Secretaria Estadual da Saúde não comentou as razões da alta de
mortalidade, preferindo destacar que São Paulo é uma das áreas com menor risco
de morte na infância e, de 1990 até 2016, houve queda de 65% no indicador. A
pasta destacou programas que vêm sendo realizados para reduzir o risco de morte
para bebês. Entre eles está o fortalecimento das redes municipais e regionais
de saúde, que vêm recebendo R$ 800 milhões para construção e reforma de 166
hospitais e postos de saúde.


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