Tratado na fase inicial, melanoma tem mais de 90% de chance de cura

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 15 de maio de 2018 às 01:56
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:44
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Melanoma representa apenas 5% dos casos de câncer de pele, mas pode produzir grandes metástases

Um grupo de médicos apostou
num círculo virtuoso ao criar, em agosto de 2017, o programa Juntos contra o
Melanoma. Trata-se do câncer de pele mais agressivo e perigoso: somente no Brasil,
há mais de cinco mil novos casos e 1.500 óbitos todo ano. Através de cartilhas
e workshops, o objetivo do Grupo Brasileiro de Melanoma, que reúne 2 mil
médicos, é conscientizar a população e promover ações para nichos profissionais
que podem exercer um papel importante na detecção precoce da doença.

Cabeleireiros, podólogos e tatuadores observam áreas de difícil visualização da
pele dos clientes e, devidamente treinados, podem sugerir uma visita ao
especialista – é bom lembrar que o melanoma tem mais de 90% de chances de cura
quando descoberto e tratado em suas fases iniciais.

O próximo workshop será no dia
28 de maio, em São Paulo, para podólogos, mas já está com as inscrições
encerradas; em junho, no dia 25, haverá treinamento para tatuadores.

O melanoma é um tumor que tem
origem dos melanócitos, as células que produzem melanina. Representa apenas 5%
dos casos de câncer de pele, mas tem uma grande capacidade de produzir
metástases e se espalhar para outros órgãos, como fígado, pulmões e o cérebro.

Quase sempre surge como uma lesão cutânea enegrecida, ou com uma parte
enegrecida e outra de várias cores. A maior parte ocorre nas costas, cabeça,
pescoço e couro cabeludo. Os no couro cabeludo são os que costumam ter pior
prognóstico, mas há também os que surgem nas unhas, pés e palma das mãos e nem
sempre são percebidos. É aí que os profissionais dos salões podem ajudar depois
do treinamento adequado para reconhecer lesões.

Ainda sobre o melanoma no
couro cabeludo: ele representa apenas 6% do total de diagnósticos, mas responde
por 10% das mortes. Pode acometer qualquer pessoa, mas é mais frequente em
homens idosos, calvos e com a pele danificada pelo sol.

Os cabelos, apesar de
dificultarem o diagnóstico, oferecem uma importante barreira física contra os
raios ultravioleta, ao passo que a calvície facilita sua ocorrência.
Fundamental não assustar o cliente, basta perguntar se ele já havia notado a
lesão e se algum médico a avaliou. Caso isso não tenha sido feito, o
profissional deve sugerir que seria bom procurar um dermatologista.

Podólogos também podem
desempenhar um papel relevante. O melanoma acral lentiginoso é o mais comum nas
palmas das mãos, plantas dos pés e na região das unhas. De acordo com Grupo
Brasileiro de Melanoma, é mais frequente entre os 60 e 70 anos de idade, com
ligeira predominância no sexo feminino. Raro entre pessoas de pele branca, é o
subtipo mais comum em afrodescendentes, asiáticos e hispânicos. Encontrar uma
mancha irregular escura (preta, marrom ou azulada), que aumenta de tamanho,
sangra ou coça, é um sinal de alerta. Nas unhas, o melanoma aparece como
manchas pretas estriadas, bem diferentes das manchas de “sangue pisado”, por
trauma.

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do
melanoma são casos na família ou quando a própria pessoa já teve câncer de
pele; presença de mais de 50 nevos (pintas ou sinais comuns) ou de nevos
atípicos, que são as pintas com pigmentação muito irregular; exposição
excessiva ao sol e episódios de queimadura solar; ter pele clara, olhos azuis,
cabelos claros ou ruivos.

Maio é o mês de combate ao
melanoma e uma oportunidade para fazer um autoexame de toda a superfície do
corpo. A busca de sinais suspeitos deve obedecer à Regra do ABCDE, que descreve
as características do melanoma inicial:

Assimetria: a forma de uma metade do sinal não
corresponde à outra metade.

Bordas irregulares: as bordas podem ser entalhadas, mal
definidas ou mal delimitadas. O pigmento pode se espalhar para a pele ao redor.

Cor desigual: tons de preto e marrom podem estar
presentes. Áreas de branco, cinza, vermelho, rosado ou azul também podem ser
vistas.

Diâmetro: há uma mudança no tamanho, geralmente um
aumento. Os melanomas podem ser pequenos, mas a maioria tem mais de 6 mm de
diâmetro.

Evolução: geralmente o sinal apresenta modificações
de cor, tamanho, forma e espessura ao longo do tempo.


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