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Professor explica o conceito, importante para entender o papel da alimentação nas questões de saúde
Durante o ciclo da vida, a
alimentação e a atividade física estão entre os principais fatores responsáveis
pela promoção e manutenção da saúde. Assim, sabemos que as características da
dieta podem determinar não somente o bem-estar do indivíduo, mas também
influenciar o desenvolvimento de doenças crônicas, como obesidade, problemas
cardiovasculares, diabetes e câncer. Uma alimentação adequada, quer seja em
quantidade quer seja em qualidade, permite ao organismo obter a energia e os
nutrientes necessários para o desempenho de suas funções e um bom estado geral.
Nas últimas décadas, países da
Ásia, do norte da África e da América Latina, inclusive o Brasil, vêm passando
por importantes mudanças sociais, econômicas e demográficas que se refletem no
perfil nutricional de suas populações. A esse conjunto de transformações que
impactam na dieta e na saúde dá-se o nome de transição nutricional.
Esse fenômeno tem como
característica básica o aumento da presença de alguns tipos de alimento e
nutriente, caso de açúcares, gorduras e alimentos refinados, além de uma
acentuada redução no consumo de fibras e carboidratos complexos – quadro que,
no geral, está associado ao aumento no risco de sobrepeso, obesidade e doenças
cardiovasculares.
No Brasil, uma das características
marcantes desse processo é o antagonismo entre uma situação anterior de
desnutrição e a tendência atual à obesidade. Os dados epidemiológicos
demonstram redução na taxa de desnutridos, principalmente crianças, e aumento
na prevalência de excesso de peso na população brasileira.
Em meio a essa transição
observa-se o aumento no consumo de alimentos com baixa qualidade nutricional e
alto valor energético, além da redução nos índices de atividade física. Achados
da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE indicam que, no país, a ingestão
de frutas, legumes e verduras se encontra abaixo do nível ideal,
independentemente da situação econômica da região estudada.
As evidências que associam
características da dieta ao estado de saúde das pessoas levaram a própria
Organização Mundial de Saúde (OMS) a estabelecer limites e recomendações de
consumo. A entidade incentiva a manutenção de um estilo de vida ativo e
estabelece dentro do cardápio as seguintes orientações:
– A ingestão de carne vermelha deve
ser menor que 10% do total de calorias ingeridas;
– O consumo de óleos e gorduras deve
fornecer pelo menos 15% desse total mas não mais do que 30%;
– O uso de sal deve ser menor do que 6
gramas por dia;
– A ingestão de açúcares refinados
deve ser menor que 10% do total de calorias diárias;
– Recomenda-se o consumo de pelo menos
cinco porções de frutas e verduras variados diariamente;
– E, compondo no mínimo 50% do consumo
calórico total, temos os carboidratos complexos (alimentos integrais).
A OMS estima que aproximadamente
2,7 milhões de mortes por ano em todo o mundo podem ser atribuídas ao consumo
inadequado de frutas, legumes e verduras. Isso constitui um dos dez fatores
centrais na determinação da carga global de doenças. Além disso, estudos
demonstram que os riscos de câncer de mama, próstata e intestino apresentam
maior incidência quanto mais alto for o consumo de alimentos de origem animal.
Em contrapartida, há evidências de que dietas ricas em vegetais ajudam a
diminuir a incidência de vários tumores.
A transição nutricional passou a
ser uma realidade não apenas de países ricos. Com o desenvolvimento econômico
global, diversas nações passaram a encará-la. À medida que os rendimentos
aumentam e as populações se urbanizam, os empregos sedentários atraem as
pessoas, assim como aumentam a oferta e a procura por alimentos pouco
saudáveis.
Em países mais pobres, por sua
vez, o desafio é lidar com a demanda por comidas de baixo custo, geralmente
ricas em gordura saturada, sódio e açúcar. Embora elas até ajudem a prover uma
ingestão suficiente de calorias, carecem de nutrientes importantes fornecidos
por grãos integrais, frutas e verduras.