Tecnologia vai tirar 7 milhões de empregos até 2021, diz estudo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 12 de fevereiro de 2018 às 12:33
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:34
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Pessoas de meia idade devem ser as mais afetadas e população nessa faixa etária crescerá ainda mais

As
relações de trabalho e o nível de desemprego mundial devem mudar
significativamente até 2021. E não será para melhor, aponta estudo do Fórum
Econômico Mundial.

A
pesquisa revela que, se por um lado, a tecnologia é o motor fundamental para o
desenvolvimento, por outro, vai criar um abismo ainda maior de desigualdade.
Sete milhões de empregos serão extintos. Nesse turbilhão de mudanças, 52% dos
demitidos serão mulheres e 48%, homens. A cada cinco empregos perdidos por
elas, somente um será recuperado. No caso deles, a relação é de 2,5 a cada 5.
No Brasil, as discussões ultrapassam o curto prazo. Especialistas temem que o
país não esteja preparado para essas transformações, se quer no longo prazo.

Com
maior expectativa de vida e vivendo uma realidade de hospitais sucateados, alto
nível de desemprego e mudanças das leis trabalhista e previdenciária— que
exigem mais tempo na atividade e mais qualificação — os jovens de hoje não
terão instrumentos para enfrentar os futuros desafios. “Vai ser um caos. Se
nada for feito para preparar os idosos do futuro, o crescimento do país ficará
ainda mais comprometido”, destaca Renato Meirelles, presidente do Instituto
Locomotiva. Atualmente, segundo estudo da instituição, 36% dos brasileiros com
50 anos ou mais estão no mercado de trabalho. Destes, 64% são responsáveis por
toda ou pela maior parte da renda da casa.

Além
disso, 36% trabalham por conta própria, 32% estão no setor privado, 15%, no
serviço público, 9% são trabalhadores domésticos e 8% são empregadores.

Atualmente,
o Brasil tem 54 milhões de pessoas nessa faixa etária (1/4 da população), que
movimentam R$ 1,6 trilhão por ano. Até 2045, a estimativa é de que a população
brasileira com 50 anos ou mais salte para 93 milhões de pessoas. “Nós
não estamos preparados para essa revolução tecnológica que começou por volta
dos anos 2000. Até porque ela não foi acompanhada de uma reforma na educação. O
Brasil peca há 500 anos”, reforça Deise Gomes, gerente executiva e especialista
em gestão de carreiras da Thomas Case & Associados.

Deise reclama da
falta de políticas públicas. Cita como exemplo o Polo Industrial de Camaçari
(BA), que abriga diversas indústrias químicas e petroquímicas. “Várias empresas
que se instalaram na região tiveram que treinar seus próprios trabalhadores. O
que assusta é que o futuro vai exigir mais pessoas com capacidade de resolver
problemas, propor soluções e inovações, do que mão de obra braçal”, destaca.
Conforme ela, também faltam campanhas para acabar com a discriminação. “Por
mais que o assunto seja delicado, sabemos do preconceito com quem tem mais de
50 e a dificuldade de recolocação no mercado de trabalho nessa faixa etária,
principalmente para os sem formação acadêmica”, alerta.

Capacitação

A
situação se complica porque, muitas vezes, até os com nível superior estão
desatualizados. “Mas, com a péssima qualidade da educação, também não quer
dizer que quem tem nível superior saiba fazer uma redação. Se ouve dizer que
temos um projeto de Estado. Até hoje não vi projeto algum”, lamenta Deise
Gomes. O Ministério da Educação, por meio de nota, diz que tem “centenas de
políticas públicas pensadas para o futuro”.


Ivan Siqueira, vice-presidente da Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), no entanto, foi
enfático ao tratar sobre uma possível integração entre os ministérios com
políticas sociais e a equipe econômica, na hora de priorizar, por exemplo, onde
haverá cortes em caso de contingenciamento dos recursos públicos para o ajuste
das contas públicas. “Posso garantir que nunca houve esse tipo de
dimensionamento ou de debate. Seria ideal. Exatamente a política de Estado que
se quer, mas que ainda nos parece inatingível”, diz.

Saúde

O
Ministério do Trabalho informa que, no tocante à modernização trabalhista (Lei
nº 13.467/2017), é importante ressaltar que não haverá aumento da jornada de 44
horas semanais ou da jornada diária de 8 horas de trabalho, parâmetros
previstos na Constituição Federal que devem ser observados. De acordo com o
Ministério da Saúde, o Brasil tem a quinta maior população idosa do mundo, com
cerca de 29,3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Desse total, 69,9% são
independentes para o autocuidado e 30,1% têm alguma dificuldade para realizar
atividades da vida diária.

Doenças
crônicas avançam nessa população. “Entre os idosos de 60 a 69 anos, 25,1% tem
diabetes, 57,1% foram diagnosticados com hipertensão, além de a maioria estar
com excesso de peso (63,5%) e 23,1% com obesidade”. Para atender esse público, a
meta é recorrer à Atenção Básica, principal porta de entrada para o Sistema
Único de Saúde (SUS), em uma das 41.688 unidades. “Pela primeira vez nós
estamos fazendo isso, reorganizando todo o serviço e capacitando os
profissionais. Já foram 14 mil capacitados no ano passado e este ano serão
outros 10 mil”, reforça o secretário de Atenção à Saúde do Ministério,
Francisco Figueiredo.


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